sábado, 26 de agosto de 2017

LUIZ CEZAR FERNANDES AO 247: VEM AÍ UMA TSUNAMI


Brasil 247 - Por Leonardo Attuch e Marco Damiani

"Tsunami é pouco para o que pode vir pela frente". O alerta é feito por ninguém menos que Luiz Cezar Fernandes, um dos mais lendários financistas do Brasil, que fundou instituições como Garantia e Pactual. "Se for mantida a trajetória atual, um calote da dívida é inevitável", diz ele.

Luiz Cezar afirma que a dívida brasileira não é suportável com os níveis atuais de taxas de juros. Na sua visão, se o Banco Central reduzisse a taxa Selic para 2% reais – algo em torno de 5% ao ano – nada aconteceria com a inflação.

Ele critica ainda o rentismo da economia brasileira, que criou uma sociedade de "juristas" – de pessoas que vivem de juros, e não não da produção.

Segundo Luiz Cezar, a situação fiscal brasileira é mais grave do que a da Grécia e a necessidade de ajuste fiscal pode vir a ser muito maior. Ele cita o exemplo de Portugal, em que salários de servidores públicos chegaram a ser reduzidos em cerca de 30%.

Embora tenha defendido as privatizações, ele afirmou que mesmo que o governo vendesse 100% das estatais, não seria possível estancar a dívida pública.

Na sua visão, os investidores devem fugir urgentemente da renda fixa em busca de ativos reais, que possam não ser afetados por um eventual calote da dívida.

Confira, abaixo, a íntegra de sua entrevista:



O PRÓXIMO GOVERNO SE SENTIRÁ SEDUZIDO, INEVITAVELMENTE, POR UM CALOTE NA DÍVIDA PÚBLICA.

O crescimento da dívida pública interna atingirá 100% do Produto Interno Bruto – PIB do Brasil, já na posse do próximo governo. A situação será insustentável, gerando uma completa ingovernabilidade.

Os bancos, hoje cartelizados em 5 grandes organizações, têm diminuído assustadoramente os empréstimos ao setor privado e vêm aumentando, em proporção inversa, a aplicação em títulos da dívida pública.

Os países que recentemente entraram em default, como a Grécia, não causaram grandes impactos internos, pois sua dívida era sobretudo externa e em grande parte pulverizada, inclusive em bancos centrais, fundos mútuos e de pensão.

O caso do Brasil é essencialmente diverso. Um default nossa dívida interna implicará na falência do sistema, atingindo de grandes bancos a pessoas físicas, passando por family offices e afins.

Para evitarem uma corrida bancária, as grandes instituições bancárias terão, obrigatoriamente, que impedir seus clientes de efetuarem os saques de suas poupanças à vista ou a prazo.

Caso contrário, teremos uma situação ainda mais grave que a vivida pela Venezuela Reformas já ou só restará o CALOTE.

* Luiz Cezar Fernandes é sócio da Grt Partners.