segunda-feira, 27 de março de 2017

OPERAÇÃO LAVA JATO: APENAS UMA TRAGÉDIA NACIONAL? POR QUE O BRASIL NÃO DEIXA DE SER COLÔNIA? UM POVO FADADO À MISÉRIA?


“Qualquer reflexão sobre o emprego de modelos (informacionais conduz também a problemas filosóficos fundamentais, em especial a objetividade das informações, descritivas do meio exterior, e, por conseguinte, do problema do conhecimento.” Louis Couffignal, Les Notions de Base, Gauthier-Villars Éditeur, Paris, 1958 (tradução livre)

Pedro Augusto Pinho*

A Teoria da Informação teve extraordinário desenvolvimento após a II Grande Guerra. Não só no estudo da produção, transmissão e recepção de mensagens, mas nas transformações sociais trazidas pelos novos sistemas e instrumentos de comunicação. Em 1962, o pensador francês Edgar Morin apresentou seu livro “L’Esprit du Temps” (resultado de pesquisas nos dois anos anteriores) no qual procurou entender a configuração cultural da sociedade ocidental afetada pela “cultura de massa”. Em 1974, ele afirmava que “o espírito do tempo” já era outro.

Em diversos artigos, nos quais analiso a tomada do poder pelo capital financeiro, ressalto que este capitalismo soube, melhor do que qualquer outra ideologia, se apropriar e utilizar os recursos da tecnologia da informação. Não só na parte instrumental das transmissões de dados, como nos efeitos psicossociais das comunicações.

No Brasil, onde as elites dirigentes ocultam nossa história para manter adormecida e ignorante a população, este poder, que designo banca, encontrou terreno fértil e seguro para se espalhar e dominar. O caro leitor tem dúvida?

Pergunto-lhe então onde estudou, nos seus livros didáticos, as figuras do Cônego João Batista Campos, ou dos heroicos Eduardo Angelim, Lucas Dantas, Sepé Tiaraju, ou, ainda, viu o mapa do Brasil quando foi “elevado à condição de Reino Unido”? E agora, com a “escola sem partido”, será ainda mais difícil conhecer nossa própria história. Passo fundamental para continuar na escravidão colonial.

Estas considerações preliminares objetivam entender a farsa da Operação Lava Jato, pois não surgiu por um acaso nem se destinou a combater a corrupção no Brasil. Ela foi programada, como o foram, com os mesmos e velhos pretextos, outros movimentos para impedir, mais uma vez, que o País conquistasse um simples degrau na busca da soberania e da cidadania para todos seus habitantes.


Penso que só a mente obnubilada, tomada totalmente por falsas questões, pode imaginar que um único partido político – o PT -, administrando pela primeira vez o País e com uma miríade de outros partidos, conseguisse transformar sua gestão na “pandemia corrupta”. Só com ajuda divina, pois materialmente e politicamente isto seria impossível. Tanto que as denúncias, nem sempre publicadas na imprensa, não eximem qualquer partido das ações corruptas.

Mas há, houve e haverá corrupção no Brasil, sempre que se prosseguir mantendo um Estado fraco (Estado Mínimo) e constantemente hostilizado para que não construa o modelo de fiscalização eficaz, promova a transparência nos negócios públicos e permita o acesso de todos aos atos e fatos governamentais. Não é o que fizeram em toda nossa história os donos do Poder? Por que levaram ao suicídio e ainda hoje combatem a herança de Getúlio Vargas? Por que depuseram com estes mesmo falsos pretextos o seguidor de Vargas, João Goulart? E por que aplicaram um golpe no General Ernesto Geisel, que representava um governo nada agressivo à burguesia brasileira?

Porque sempre fomos uma colônia. Nossa elite governamental, que o grande pensador Darcy Ribeiro adjetivava como inteligente e cruel, só servia e continua defendendo os interesses estrangeiros e se satisfaz com as percentagens recebidas e a sua manutenção no poder local. E para isso constrói uma história, que não é a do povo brasileiro, e difunde questões que não dizem respeito a nossa soberania e desenvolvimento. Lembram do deificado tripé macroeconômico, indispensável para o crescimento nacional, e tantas outras falsas e ferozes razões?

Este colonizado brasileiro, que enaltece um magistrado agente treinado nos Estados Unidos da América (EUA) – sob as ordens da banca – com muitos outros comparsas para desfigurar uma realidade, sobejamente conhecida como a praticada pela elite, atribuindo-a, mesmo sem provas, a um líder popular e seu partido, apoia o golpe que lhe deixa sem trabalho e sem aposentadoria.

Iniciei tratando da informação. A mídia ocidental, de dúzia e meia de donos, é o instrumento doutrinário e de desinformação da banca. Aqui, nesta colônia de banqueiros (apud Gustavo Barroso), um sistema de comunicação de massa figura entre os 18 do grupo: a Globo. Com algumas poucas famílias secundando-o, este sistema de televisão, rádio, revistas e jornais mantém toda população desinformada e doutrinada em favor da banca e contrária ao próprio País.

Esta é uma ação planejada por profissionais da colonização, com a experiência acumulada pelos séculos da dominação europeia. Este sistema sabe que a ignorância é fundamental para manter a sujeição de todos – escravos e senhores – vítimas, ao fim, deles próprios. Imagino a preocupação dos agentes ao ver que estavam destinados para educação 75% dos royalties de nossa Arábia Saudita submersa, o pré-sal. Mas logo trataram de controlar esta educação numa escola sem partido.

Tenho acompanhado as inúmeras manifestações, artigos e palestras sobre o desmonte econômico do Brasil nestes três anos da Lava Jato e dez meses do golpe de 2016. Sem dúvida inquietante e prejudicial aos brasileiros. Mas penso que mais grave ainda foram o exemplo de cinismo de um presidente, a fragilidade intelectual do atual mordomo da banca e o pouco ou quase nada que se fez pela educação libertária, pela construção do saber crítico e pela valorização dos saberes, como o definem Paulo Freire, Boaventura de Souza Santos, membros do Grupo Francês de Educação Nova (GFEN) e pedagogos conscientes das pressões atuais.

Esta colonização cultural é mais difícil de descortinar e avaliar seus danos do que aquele causado pela apropriação de nossas riquezas naturais e pelas perdas do esforço científico e tecnológico brasileiro. Estamos pois fadados a continuar colônia. Temos um exemplo que esta libertação é possível ao nosso lado: o Estado Plurinacional da Bolívia. Claro que um país de 1,1 milhões de quilômetros quadrados e 11 milhões de habitantes não tem a mesma complexidade que o nosso que já foi o sexto maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo.

Verifique se você chama populista um governante que aumenta os salários, investe na geração de empregos e na saúde para os brasileiros. E se este reduz os salários, leva empresas à falência e o povo ao desemprego para entregar aos bancos todo resultado da produção nacional, você o considera responsável? Assim saberá se tem consciência nacional ou a mente colonizada.

Precisamos estar cientes que só a luta pela emancipação nacional possibilitará construir um Brasil justo e soberano para os brasileiros.

*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado
Pátria Latina