quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A Rússia diz não ao projeto de resolução da França na ONU sobre a Síria


Declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia a respeito do voto da Federação da Rússia contra o projeto da resolução sobre a situação na Síria, proposto pela França, no Conselho de Segurança da ONU em 8 de outubro de 2016

Em 8 de outubro de 2016 a Federação da Rússia votou contra o projeto da resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação na Síria, elaborado pela França.

O texto dele, apresentado explicitamente para favorecer Washington imediatamente após a recusa dos EUA de cumprir o acordo russo-americano sobre a solução do conflito na Síria, distorcia gravemente o real estado das coisas, tinha caráter politizado, desequilibrado e unilateral. O projeto atrubuiu de modo infundado toda a culpa pela escalada da tensão na Síria às autoridades do país. Além disso, foi feita uma tentativa aberta, proibindo voos da aviação no distrito de Aleppo, de fornecer cobertura para os terroristas do "Jabhat al-Nusra" e para os militantes que se juntaram a eles, não obstante os compromissos dos Estados-membros da ONU de combater a ameaça terrorista por todos os meios disponíveis. O projeto francês completamente disfarçou o fato de que a crise humanitária em Aleppo foi provocada artificialmente, quando em agosto e setembro os militantes recusaram a deixar os comboios humanitários passarem e ameaçaram abrir fogo contra eles. Ao mesmo tempo, o projeto ignora as tarefas de começar do modo maís breve possível o processo político inter-sírio que está sendo sabotado exatamente por aquela oposição que o Ocidente defende e justifica de todas as formas possíveis.

Na fase da discussão do projeto, a delegação russa propôs emendas construtivas destinadas a torná-lo mais objetivo. Insistimos em uma consolidação clara e inequívoca da tese chave na situação atual sobre a necessidade de separar as forças que se chamam de oposição "moderada", dos terroristas. Enfatizamos a necessidade de os militantes desbloquearem a estrada "Castello", que é uma artéria de transporte importante para realizar fornecimentos ao leste de Aleppo. Defendemos os mecanismos para garantir o cumprimento do regime do cessar-fogo, que tinham sido aprovados pelo Grupo Internacional de Apoio à Síria, procuramos a confirmação incondicional da base coordenada da solução da crise na Síria, estabelecida nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
Tentando evitar uma cisão no Conselho de Segurança, propusemos uma resolução de compromisso.

No entanto, os co-autores do projeto francês, incentivados por críticos raivosos de Damasco, não foram capazes de demonstrar sabedoria política. Às negociações com vista a alcançar um positivo resultado prático, eles preferiram um ultimato, uma ruidosa campanha de relações públicas, explorando os problemas humanitários para os fins políticos de curto prazo, que são muito distantes dos interesses reais do povo sírio, bem como dos outros povos da região. É de notar que a nossa rejeição desta abordagem foi compartilhada por vários membros do Conselho de Segurança.

A tentativa falida do abuso da autoridade do Conselho de Segurança reafirmou a obsessão dos iniciadores do projeto da resolução francês com a ideia da mudança inconstitucional do poder na Síria através da utilização dos recursos do terrorismo internacional que recebe ajuda generosa do exterior.

É bem sabido que a Rússia não se envolvia no conflito sírio por quatro anos, enquanto os governos ocidentais alimentavam os grupos extremistas armados, e entrou na Síria a pedido das suas autoridades legítimas apenas quando surgiu uma ameaça real de Damasco ser capturado por terroristas. Seria inadmissível deixar a Síria sofrer o mesmo destino do Iraque ou da Líbia, com a invasão dos quais começou a desestabilização do Médio Oriente, dando luz ao Estado Islâmico, e às tais novas reencarnações do "Al-Qaeda" como "Al-Nusra". É uma pena que alguns dos nossos parceiros não aprendessem nada da história.

Lamentando profundamente o dano causado aos esforços dirigidos à solução do conflito na Síria pelos adeptos da instigação do confronto, a Rússia reafirma o seu forte compromisso com a busca de uma solução política duradoura para o conflito sírio. Estamos prontos para o trabalho coletivo construtivo no interesse do desempenho escrupuloso dos acordos já alcançados e da coordenação dos passos adicionais que permitiriam que os próprios sírios através do diálogo entre todos os grupos políticos e étnico-religiosos determinassem o futuro do seu país, sem interferência externa.

Embaixada da Rússia no Brasil