segunda-feira, 22 de agosto de 2016
União Europeia sobre os incêndios em Portugal: "Deixa queimar"
Há mais de uma semana Portugal sofre com uma série de grandes incêndios que provocou a perda de vidas e destruiu casas e prédios. Neste artigo publicado no jornal Avante!, do Partido Comunista Português, Ângelo Alves denuncia o descaso da União Europeia diante da tragédia.
Portugal está a viver um momento grave com as centenas de incêndios que deflagraram no continente e na região autônoma da Madeira. Só na semana entre 6 e 12 de agosto arderam 96.477 hectares, 20 vezes mais do que tinha ardido desde o início de 2016. Ao momento da redação deste artigo encontram-se ativos quase meia centena de incêndios. Trata-se de uma situação excepcional que exige medidas excepcionais.
Por Ângelo Alves
O governo português acionou, bem e a tempo, os acordos bilaterais de ajuda ao combate a incêndios e o mecanismo europeu de proteção civil. De Marrocos chegaram rapidamente dois aviões Canadair e da Rússia dois Beriev, aviões de grande capacidade. Da União Europeia chegaram dois Canadair espanhóis, país com o qual temos um acordo bilateral de combate a incêndios nas zonas de fronteira e com quem tradicionalmente temos uma cooperação bilateral nesta área, e um Canadair de Itália. França afirmou estar a considerar enviar recursos.
A "ajuda" da União Europeia é vergonhosa e demonstrativa da real "solidariedade" com que podemos dali contar. Tão vergonhosa que até o governo português sinalizou a crítica. A resposta política da UE, essa, chegou e foi lesta: "Neste momento vários Estados-membros estão a enfrentar graves incêndios florestais ou perigo extremo de incêndio florestal. Consequentemente, a disponibilidade de aviões é muito limitada".
Se a falta de solidariedade é já por si grave, a mentira na resposta política é criminosa. Basta olhar para os dados e mapas do sistema europeu de informação de fogos florestais (1) para chegar às seguintes conclusões:
1 – Portugal tem neste momento, sozinho, metade (101 mil hectares) de toda a área ardida na União Europeia;
2 – Os principais focos de incêndio concentram-se maioritariamente nos países que enviaram meios ou consideram enviar, Espanha, Itália e França;
3 – Portugal e Espanha, a par com a Grécia, são os países onde o risco de incêndio é máximo. Na Europa Central e do Norte o risco é baixo ou moderado.
É caso para dizer que a União Europeia não serve nem para apagar fogos. A sua resposta ao drama que estamos a viver bem poderia ser traduzida na expressão "deixa arder".
1 – http://forest.jrc.ec.europa.eu/effis/
Fonte: Resistencia.cc
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Aviões anfíbios russos extinguem mais um foco de incêndio em Portugal
Dois aviões anfíbios russos Beriev Be-200 que combatem os incêndios florestais em Portugal nas últimas 24 horas eliminaram outro foco de incêndio na parte continental do país, informou o Ministério para as Situações de Emergência da Rússia.
"Em 20 de agosto, dois aviões anfíbios Be-200 liquidaram um foco de incêndio em uma área total de 100 hectares", diz o comunicado do ministério.
Nas últimas 24 horas, os aviões russos realizaram 20 descargas, equivalendo a um total de 240 toneladas de água, precisa o texto.
O trabalho dos pilotos russos impediu o avanço das chamas para a aldeia de Santo Amador, no sudeste do país.
Os Be-200 russos chegaram a Portugal em 13 de agosto e em uma semana foram extintos 9 focos de incêndio em uma área de 1.200 hectares, evitando a propagação do fogo a cinco povoados e dois parques nacionais.
O avião anfíbio Beriev Be-200 foi criado especialmente para combater os incêndios florestais e é capaz de carregar de cada vez até 12 toneladas de água, que pega em qualquer rio ou lago sem necessidade de voltar para a base.
As tripulações dos aviões russos enviados a Portugal a pedido do Governo português contam com uma vasta experiência no combate aos incêndios, em particular na Grécia, Montenegro e Sérvia.
Sputniknews