sábado, 9 de julho de 2016

Senador Roberto Requião diz que Dilma "só não volta se não quiser"


Senador Roberto Requião do Paraná, o segundo da esquerda para a direita

O senador Roberto Requião (PMDB) e o ex-jogador e comentarista esportivo Walter Casagrande foram os convidados do "Mariana Godoy Entrevista" desta sexta-feira.

Vestindo a jaqueta de couro que é sua "marca registrada", Roberto Requião foi o primeiro convidado da noite. O senador explicou o termo "PMDB de Guerra": "É o partido das classes populares, das mulheres, dos trabalhadores, das minorias, dos funcionários públicos, que foi se dissolvendo até se tornar esta confusão que está hoje".

Requião afirmou que "é possível" inverter o processo de impeachment de Dilma no Senado. O senador disse que a proposta de Michel Temer de "Ponte para o Futuro" é "tão atrapalhada contra o governo Dilma" e declarou que o crime de responsabilidade "não existe": "Ela foi afastada pois se comunicou mal com os parlamentares. E porque perdeu boa parte seu apoio, fora o popular, pois se elegeu com uma proposta de governo desenvolvista e acabou na mão da banca, colocando o Joaquim Levy".

O senador também explicou o caso de um suposto jantar que ofereceu em homenagem ao ex-presidente Lula: "Eu fiz dois encontros lá em casa com 30 senadores. Para derrubar o impeachment precisamos de 27. Mas decidimos que devíamos fazer jantares menores pois a conversa fluiria de maneira melhor. Eu fiz um jantar e o Lula estava em Brasília e o convidei para ele dizer o que pensa de tudo isso. E eu convidei seis senadores, e todos eles foram".

"É absolutamente impossível a Dilma não voltar", cravou Requião. Segundo o senador, os colegas que votaram contra continuam firmes, e disse que é "praticamente impossível" que, se Dilma conversar com os seis senadores que ela precisa, eles não mudem o voto. "A Dilma só não volta se ela não quiser. Se ela não quiser conversar, se ela não quiser ceder", justificou.

"Eu conheço o Temer há muitos anos e ele nunca falou em acabar com direitos do trabalhador. Mas a vaidade o levou a isso", avaliou o senador. Requião aconselhou Dilma a falar que irá controlar o câmbio, que controle a inflação e realize o ajuste fiscal. "Que plano de governo tem meu amigo Temer?", questionou o senador.

Requião afirmou que caminha no "sentido da visão programática do partido", e que os outros afiliados é que estão saindo do caminho. "Eu acredito na Dilma, ela é uma mulher honesta. Eu tenho legitimidade para fazer a crítica pois, desde que eu assumi no Senado, assumi a crítica da Dilma e do Lula. E quem era seus aliados? Esses que hoje fazem oposição. E é uma oposição por vaidade", contou. O senador disse que é a favor das "10 Medidas Contra a Corrupção", mas "com calma". Sobre as investigações do escândalo do Banestado, Requião esclareceu que as investigações pararam pois foi feito "um acordo com o Capital".

"A volta da Dilma é importante para que não se quebre o processo democrático do país", respondeu o senador quando questionado se o caminho a se tomar não seria a convocação de novas eleições.

Sobre sua citação nas investigações da Lava Jato, Requião afirmou que não tem preocupação: "Foi uma doação da JBS para a gente fazer campanha no Paraná".

O senador disse que "tentou duas vezes ser candidato [à Presidência] no PMDB". "Nessa última eu percebi que me ofereciam apoio, mas que ele queriam retirar a dobrada com o PT e apoiar o Aécio Neves", contou. "Eu quero é ver o Brasil mudar, não tenho pretensão pessoal nenhuma. Meu objetivo, aos 75 anos de vida, é ver o Brasil consertado, impedir que os trabalhadores sejam prejudicados, que acabem com a aposentadoria", disse Requião.

"Eduardo Cunha não é o Diabo, mas é um ajudante dele", encerrou Requião.

O segundo convidado da noite foi o ex-jogador e comentarista esportivo Walter Casagrande. O comentarista está lançando um novo livro, que documenta a sua amizade com o também craque Sócrates. "Na época em que eu joguei a gente tinha uma diferença de idade, no Corinthians. E começou a funcionar, eu e ele tínhamos um entrosamento. Mas vivenciando as fotos você não percebe a dimensão dos fatos (…) No dia da morte dele eu tinha que fazer um jogo e os jornalistas me perguntaram: 'E agora, como fica Sócrates e Casagrande?'". "Casão" conta que foi aí que percebeu a importância e uma "ligação muito forte espiritual" com Sócrates.

Casagrande contou que o livro tem uma "função terapêutica": "Eu falo no livro o que eu gostaria de falar para ele". O comentarista esportivo disse que foi até o hospital visitar o amigo, mas que ainda sentiu que havia coisas que não foram ditas.

O programa também trouxe o escritor Gilvan Ribeiro, que escreveu os livros ao lado de Casagrande. "A gente tem uma amizade há bastante tempo, já conhecia a personalidade do 'Casa' (...) Quando fui fazer o primeiro livro, fizemos sessões mais 'sistemáticas', escolhia temas e usava o humor dele no dia para abordar certos assuntos. O primeiro livro é muito forte nesta questão da droga. Ele conviveu praticamente um mês com demônios dentro de casa. Tendo visões. Ele usava drogas injetáveis, como heroína e cocaína, e começou a ter visões. E acho que, também por falta de sono, ele ficou 10 dias sem dormir e acho que sem comer. Depois fui ouvir outras fontes, pois é importante para construir a personalidade da pessoa". Já a respeito do livro sobre Sócrates, Gilvan conversou a esposa do jogador, com o irmão Raí e diversos músicos: "Sócrates tinha uma faceta musical muito apurada. Ele até compunha músicas. E aí descobri coisas que nem imaginava: o Sócrates era médium e espírita". Casagrande disse que "nem imaginava" que Sócrates era médium: "Ele passava a aparência de ser uma pessoa muito cética, muito lógica".

"Tenho uma admiração muito grande por Lúcifer. E foi uma das causas dos meus surtos. Eu não dormia e comecei a ir atrás de coisas desse tipo. E ao mesmo tempo eu contestava muito a história de Cristo (...) Achava que ele era filho de José e Maria, não filho de Deus", contou Casagrande sobre o "mito" de que seria "fã" do demônio Lúcifer. "Eu não preciso de igreja para ter fé em Deus, ter fé em Cristo", afirmou. Questionado se é "atraído pelo lado negro", Casagrande não perdeu o humor: "Eu vejo o Batman e torço para o Coringa".

Assista ao programa na íntegra: http://www.redetv.uol.com.br/jornalismo/marianagodoyentrevista/videos/ultimos-programas/senador-roberto-requiao-explica-termo-pmdb-de-guerra