domingo, 3 de janeiro de 2016
Indicado a embaixador de Israel no Brasil ‘cometeu crimes militares’
As autoridades e a comunidade palestina fica indignada com a possibilidade de nomeação de Dani Dayan, um dos maiores líderes da política de assentamentos ilegais nos territórios ocupados por Israel, como embaixador desse país no Brasil.
Muhammed Asaad El-Ewewy, professor da Universidade de Jerusalém, deu uma entrevista à Sputnik criticando a decisão de Israel e elogiando a posição cautelosa das autoridades brasileiras: “Estes sionistas quando cometem crimes de guerra (e política de assentamentos é um crime de guerra evidente) e depois [um deles] recebe um cargo diplomático, este fato contradiz todas as leis de diplomacia. A posição do Brasil era previsível porque nós – o povo palestino sempre respeitamos os povos e governos da América Latina por causa da sua posição em relação ao Mundo Árabe e especialmente em relação à Palestina”.
Ele também apelou à abertura de processos penais contra os ocupantes da Palestina: “É preciso boicotar e processar no Tribunal Penal Internacional todas as pessoas ligadas à ocupação da Palestina por cada crime de guerra cometido contra a Palestina. É preciso aplicar os esforços conjuntos dos países árabes e demais que reconhecem os direitos do povo palestino para responsabilizar os criminosos”.
“Cada dia as Forças Armadas dos ocupantes [exército de Israel] cometem crimes contra palestinos e os líderes da resistência <…> é preciso criar uma pressão internacional contra ocupantes”, concluiu o professor.
A candidatura de Dani Dayan para o cargo de embaixador israelense no Brasil foi apresentada oficialmente em agosto. Desde então, o Planalto prefere se calar a sua postura.
No entanto, na quarta-feira da semana em curso, dia 23, a embaixada da Palestina no Brasil rompeu o silêncio diplomático afirmando que desaprova desta nomeação.
Uma fonte na embaixada palestina citada pelo jornal Valor informou de um encontro com a representação brasileira em Ramallah, capital da Autoridade Nacional Palestina.
O Brasil, por sua parte, não aprova da política de assentamentos que Israel realiza na Cisjordânia, território reclamado pela Palestina e reconhecido pela comunidade internacional como ocupado por Israel. E Dani Dayan presidiu durante seis anos, de 2007 a 2013, o Conselho Yesha, que representa os colonos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
Em vista da postura brasileira e da situação internacional atual, dar credencial a Dayan significaria fomentar as divergências já existentes entre Israel e a Palestina e aumentar a tensão internacional.
Já prolongar ainda mais o anúncio da decisão pode resultar em críticas ao governo brasileiro. No ano passado, o porta-voz da chancelaria israelense, Yigal Palmor, chamou o Brasil de "anão diplomático" após o país latino-americano ter retirado o seu embaixador, na sequência de um ataque israelense contra a Faixa de Gaza.
Sputniknews