sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

"Perdi a minha família, o meu mundo. Não saiam da Síria", alerta o refugiado Ali al-Saho


"Perdi a minha família, o meu mundo. Não saiam da Síria". As palavras de Ali al-Saho têm o peso da sua tragédia familiar: o refugiado sírio viu a mulher e os sete filhos morrerem afogados na viagem da Turquia para Grécia, em novembro. Agora, alerta outros sírios para não arriscarem a travessia que este ano já reclamou mais de 3500 vidas.

Al-Saho contou à BBC como perdeu a família quando o barco em que seguiam se virou, a caminho da Grécia, no mês passado. A filha mais nova tinha apenas 20 dias e a mais velha nove anos - nenhum tinha colete de salvação, uma vez que lhes garantiram que a viagem era curta e segura. "Tirei a minha família da Síria para escapar à matança, os meus filhos podiam ter futuro na Europa. Agora perdi a minha família, o meu mundo."

A família, que vivia no este da Síria, em Deir el-Zour, fugia ao Estado Islâmico, que cercou a cidade em junho. Tal como mais de quatro milhões de sírios que saíram do país desde o início da guerra civil procuravam fugir da violência e uma vida melhor.

Quando questionado sobre que conselho daria aos compatriotas, Ali al-Saho diz para não saírem da Síria. "Não corram o risco. Não vão por mar. Vão perder os vossos filhos. Os traficantes [de pessoas] são traidores. Disseram que estaríamos na Grécia em 15 minutos. Digo a todos: não venham, fiquem na Síria, por muito difícil que seja."

A história de Ali al-Saho é trágica mas é única. Ainda esta semana um grupo de migrantes, incluindo seis crianças afegãs, afogou-se no mar Egeu. Em agosto a história da família de Aylan Kurdi, o menino sírio que morreu afogado e cuja imagem correu o mundo, também chocou. Da família de quatro, só o pai sobreviveu.

Diário de Notícias