quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Brasil: Deputado que deveria estar preso pede impeachment da presidente Dilma


Dizem que o Brasil é o país do surrealismo político.

Somente no Brasil um deputado que deveria estar preso - Eduardo Cunha (PMDB) -, denunciado por corrupção nas principais empresas estatais do país (Furnas, Petrobras), cúmplice de banqueiro preso (Banco Pactual), com dinheiro depositado na Suiça - mais de 5 milhões de dólares -, fruto de corrupção comprovada, entre outras falcatruas, deu entrada ontem em um pedido de impeachment da presidente Dilma na Câmara dos Deputados.

O fato em si seria cômico, mas é trágico porque o referido deputado é, nada mais nada menos, que o presidente da Câmara dos Deputados.

Apenas em uma das denúncias, favorecimento ao Banco Pactual, Eduardo Cunha teria recebido de propina mais de 45 milhões de reais, dinheiro suficiente para comprar muitos políticos.

Também não é por acaso que mais da metade dos deputados federais brasileiros está denunciada por crimes ou corrupção.

Portanto, a maioria de deputados corruptos é presidida pelo deputado corrupto.

Ameaçado de perder o cargo de presidente da Câmara dos Deputados, onde responde por denúncia de quebra de decoro parlamentar, e ameaçado de ser preso a qualquer momento, o presidente da Câmara decidiu optar por um ato desesperado: abrir processo pela cassação da presidente Dilma, sem base legal, sem fundamento jurídico. Uma medida totalmente esdrúxula, mas que conta com o apoio do governo norte-americano, interessado em afastar Dilma do Brics e dos países que não se submetem à política imperialista dos EUA.

E se o pedido de impeachment tem apoio do Tio Sam, tem apoio também da imprensa canalha e mercenária que domina o país - os grandes meios de comunicação.

O surrealismo político que ameaça a política no Brasil não fica por aqui. O atual presidente do Senado, senador Renan Calheiros (PMDB), também é denunciado por corrupção na Petrobras e pode vir a perder o cargo e acabar na prisão.

Este é o Brasil que não aparece na mídia internacional, mas é real, embora pareça surrealista.

Carla Regina


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Cunha, o ladrão flagrado, vinga-se em Dilma

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Eduardo Cunha, perdido, dá seu abraço de afogado no país e aceitou o pedido do PSDB e do DEM – além dos revoltados & cia. – para abrir o processo de impeachment contra Dilma Rousseff.

Cunha, na iminência de perder seu mandato, resolveu ir para o hara-kiri.

Vivemos uma situação monstruosa: um ladrão público, pego em flagrante com suas contas no exterior, erigido em acusador de alguém que, à parte o apoio ou a crítica, não tem contra si uma acusação de desonestidade pessoal.

Embora o STF tenha dado duas liminares sustando as iniciativas de impeachment pelas regras baixadas por Cunha, o ainda presidente da Câmara deu de ombros à Suprema Corte e assumiu os riscos que, para ele, já são nada, agora.

Convenceu-se que só o golpe de Estado pode assegurar o seu mandato, porque será imediatamente recompensado pelos partidos de oposição que antes o apoiavam, passaram a dizer que se opunham e, agora, voltam a bater palmas a ele.

Vamos ver a revoada tucana de volta ao ninho.

Resta saber se o Supremo vai aceitar esta bofetada e, se aceitar, se a comissão da Câmara – e depois o plenário – terão maioria para esta loucura.

Uma oposição canalha e uma imprensa acanalhadamente parcial deram nisso: há um canalha ameaçando a República.