sábado, 21 de novembro de 2015

Terror do ISIS e a Conexão Washington


Por Talmiz Ahmad, no site Outras Palavras:

Na noite de sexta-feira, 13/11, três bandos, com oito pessoas no total, atacaram sete alvos em Paris. Mataram cerca de 130 pessoas e feriram centenas mais. A maioria dos mortos assistia a um concerto musical, uma noite de convívio alegre interrompida por um fim abrupto e terrível. O Estado Islâmico do Iraque e Grande Síria (ISIS) assumiu rapidamente a responsabilidade. O presidente François Hollande descreveu o ataque como um “ato de guerra” e declarou estado de emergência, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial. A sombra do conflito fratricida que já dura cinco anos na Síria atingiu agora o coração da cultura ocidental.

Desde que o ISIS atraiu a atenção mundial, após a dramática tomada de Mosul em junho do ano passado, seguida pela ocupação de outros territórios ao longo da fronteira entre Iraque e Síria e pela declaração do “Califado” naquelas terras da histórica Mesopotâmia, os conflitos na região tiveram desdobramentos novos, e cada vezmais brutais, praticamente todos os dias. Centenas de soldados sírios, yazidi, curdos e outros civis iraquianos – além de alguns reféns ocidentais – foram sumariamente executados por decapitações, com frequência filmadas e divulgados amplamentenas mídias sociais em todo o mundo.

Embora atacado pelas forças dos Estados Unidos e pelas monarquias do Golfo Pérsico aliadas a Washingon, o ISIS não sofreu nenhum grande revés militar. Ao contrário: consolidou-se gradualmente, a ponto de converter-se em um proto-Estado, com muitos dos atributos da ordem estatal – exército permanente, recursos financeiros substanciais, um conselho de ministros, governadores provinciais, um sistema judicial em funcionamento, uma força de segurança inflexível e prestação de serviços municipais e de bem-estar. Aparentemente, não tem dificuldades para atrair recrutas que correm para se juntar a suas fileiras e levar a cabo atentados e missões suicidas. O respeitado especialista em assuntos árabes Abdel Bari Atwan estimou recentemente que o ISIS tinha um quadro de cerca de 100 mil combatentes. Estão principalmente do mundo árabe, mas também de outros países da Ásia e até mesmo – alguns milhares – na Europa.

Nos últimos meses, o ISIS fez sentir sua presença fora da Mesopotâmia – na Líbia, a oeste, e no Afeganistão, a leste. Também expandiu sua base de apoio, com um número crescente de corpos jihadistas (ou seus grupos dissidentes) que declaram filiação ao Califado, preferindo-o à Al Qaeda.

Nos últimos meses, à medida em que que o ISIS levava adiante suas ações devastadoras, a guerra na Síria entrou num impasse. As forças salafistas apoiadas pelas monarquias do Golfo são incapazes de derrotar as forças nacionais ainda leais ao presidente Bashar al-Assad. A situação mudou dramaticamente quando, a partir de 30 de setembro, a Rússia envolveu-se no conflito, ao lado do governo Assad, instalando na Síria aviões, tanques e de vigilância. Moscou realizou bombardeios letais contra todas as forças hostis a Assad, não se importando em distinguir entre o ISIS e as outros grupos terroristas, embora o primeiro tenha sofrido pelo menos um quinto dos ataques. Em 10 de novembro, as forças sírias apoiadas pela Rússia tomaram do ISIS a parte oriental da cidade de Aleppo e a base aérea de Kweiras, ameaçando as conexões logísticas do grupo com Raqqa e seus territórios no Iraque. A consolidação das forças curdas da Síria, junto à fronteira turca, já bloqueou o fluxo de armas e recrutas que abasteciam o Califado Islâmico a partir da Turquia.

O ISIS tem respondido a esses ataques com duras represálias a seus inimigos. Em 10 de outubro, realizou um duplo atentado em Ankara, na Turquia, no qual 128 pessoas, principalmente manifestantes pró-curdos, foram mortas. Em 31 de outubro, reivindicou responsabilidade pela queda do avião de passageiros russo que voava de Sharm el Sheikh para São Petersburgo, no qual mais de 200 pessoas perderam a vida. Em 6 e 12 de novembro, realizou dois bombardeios no Líbano matando mais de 40 pessoas e regozijando-se de ter atacado com sucesso xiitas “apóstatas”. O comentarista libanês Khalil Harb pressagiou, já então: “muito mais derramamento de sangue está a caminho.”

No dia em que ocorreram os ataques em Paris, os EUA anunciaram que seus drones haviam matado Mohammed Emwazi, também conhecido com “John Jihadi”, membro do ISIS nascido no Reino Unido que comandou vários assassinatos filmados e assistidos no mundo todo. Comentando essas notícias, o primeiro ministro britânico David Cameron disse que havia sido um ataque “ao coração da organização terrorista”. Por sua parte, os norte-americanos também anunciaram que haviam matado o líder do ISIS na Líbia, Abu Nabil, de nacionalidade iraquiana.

Os ataques a Paris são, portanto, parte dos ataques olho-por-olho que vêm ocorrendo nos últimos meses e são diretamente ligados ao conflito na Síria. A reação a esses ataques, pelos protagonistas em conflito na Síria, reflete sua divisão profunda e sectária. Ambos – Hezbollah e 49 grupos de milicianos anti-Assad – condenaram fortemente os ataques. Mas enquanto o Hezbollah vê o ISIS como um produto do apoio a terroristas dado pelas monarquias do Golfo e pela Turquia, as milícias declararam que Assad encontra-se no coração da atividade terrorista na Síria.

Os ataques a Paris marcam a primeira ocasião que o ISIS saiu da Asia Ocidental para organizar atentados no “inimigo distante” no Ocidente, indicando assim que assumiu a agenda de jihad global da Al Qaeda. Novamente, embora ainda não se saiba se os ataques a Paris foram realizados por membros locais do ISIS, criados no país, ou se houve alguma participação de especialistas da liderança central, é claro que o ISIS tem resiliência considerável e construiu, num curto período, redes que o habilitam a penetrar o cordão de segurança nas nações “desenvolvidas”.


Cumplicidade ampliada

As monarquias do Golfo Pérsico lideradas pela Arábia Saudita, a Turquia e os EUA emergem desse imbroglio com pouco crédito. Os sauditas têm continuam focados na mudança de regime na Síria.Isso permitira transformar a guerra civil que se trava lá num grande confronto sectário, no qual Riad apoiara grupos jihadistas, incluindoo Jabhat al-Nusra (um grupo ligado à Al-Qaeda) em sua guerra por procuração contra o Irã. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan,nas etapas iniciais do conflito sírio, estava igualmente obcecado com derrubar Assad, visto como um defensor dos curdos sírios contra a Turquia. Erdogan permitiu o livre fluxo de jihadistas através da fronteira turca com a Síria, o que reforçou as fileiras do ISIS.

A atitude dos EUA tem sido a mais débil e sem princípios: enquanto inicialmente rejeitava o envolvimento militar direto na Síria, Washingto deu apoio aos sauditas, em troca do apoio das monarquias do Golfo a o acordo nuclear com EUA-Irã. Por isso, os jihadistas dominaram a oposição ao governo sírio. Muitos dos grupos anti-Assad negociavam suas armas com o ISIS ou simplesmente juntavam-se a suas fileiras. Mais tarde, os EUA viram a entrada da Rússia na Síria como uma ameaça à sua hegemonia global, e trabalharam com as monarquias do Golfo para enfraquecer o esforço militar russo, fornecendo aos terroristas mísseis TOW mais eficazes contra tanques russos.

Contudo, recentes relatórios dos EUA sugerem uma culpa ainda mais grave por parte dos norte-americanos. O tenente-general Michael Flynn relatou, em agosto deste ano, que, após o fracasso militar dos EUA no Iraque, em 2006, o grupo de falcões norte-americanos conhecido como “neoconservadores” (neocons)persuadiu o vice-presidente Dick Cheney a apoiar iniciativas para derrubar o regime de Assad criando “uma cunha entre a Síria eo Hezbollah”. Isso seria feito apoiando a criação de um “principado salafista” no leste da Síria. Segundo os relatórios, foi o início do apoio da Arábia Saudita e de outras monarquias do Golfo aos jihadistas sunitas no Iraque – que depois metamorfosearam-se em ISIS. O Conflicts Forum, que publicou o relatório, conclui: “A jihadização do conflito sírio foi uma decisão política ‘intencional’ [do governo dos EUA].”

Em comentários públicos feitos em outubro de 2014, o vice-pesidente Joe Biden colocou o dedo na ferida. Ele reconheceu: “…na Síria, nosso maior problema foram nossos aliados na região.Estavam tão determinados a derrubar Assad e promover uma guerra entre sunitas e xiitas … [que] ofereceram centenas de milhões de dólares e dezenas, milhares de toneladas de armamentos a qualquer um que lutasse contra Assad. Não importava se estes grupos eram parte da Al-Nusra e Al-Qaeda, oujihadistas vindos de outras partes do mundo.”

O caminho que o ISIS fez, da Síria a Paris, tem origem em Washington.

* Tamiz Ahmad é ex-embaixador da Índia na Arábia Saudita, Omane União dos Emirados Árabes. Tradução de Inês Castilho.

O melhor documentário sobre o Estado Islâmico


O melhor documentário até o momento sobre sobre o nascimento e sustentação do Estado Islâmico.

Como tudo começou no Iraque e como os sucessivos governos dos Estados Unidos da América alimentaram e o "ovo da serpente" até os dias de hoje.

Porque os governos subservientes ao sionismo - França e Inglaterra - entraram na guerra ao lado dos terroristas do Estado Islâmico.

Assista: www.youtube.com/watch?v=x_nHEES3lN8&feature=youtu.be

Eles querem aplicar os mesmos planos que na Grécia, diz vice de Scioli


O companheiro de chapa de Daniel Scioli, candidato à presidência da Argentina apoiado por Cristina Kirchner, assegura que um aspecto positivo de uma campanha para o segundo turno é que permite mostrar claramente quais são as duas alternativas diferentes. E o projeto da Frente Para a Vitória é o que permite seguir melhorando a vida dos argentinos.

Carlos Zannini recebeu o jornal Página 12 no mesmo lugar que ocupou nos últimos doze anos, o andar de baixo da Casa Rosada. Continuam em sua sala os quadros de sempre, a réplica da Copa Libertadores da América, os retratos de sua filha, de sua esposa e de sua mãe sobre a escrivaninha; a música de rádio FM que funciona como plano de fundo. O companheiro de chapa de Scioli recebe os jornalistas apenas de camisa, mas veste um paletó para sair nas fotos. Bebe uma xícara de café com leite, e – coisa rara – durante a uma hora que dura a entrevista se esquece de seus telefones, apesar de tocaram com insistência de tempos em tempos.

Leia a entrevista na íntegra:

Houve um certo relaxamento antes do dia 25 de outubro? A sensação que se tem é de que a campanha para o segundo turno tem um impulso que não havia acontecido no primeiro.

Não. Há os que acreditavam que era inevitável o triunfo pernonista, e cada triunfo deve ser construído todos os dias e aos poucos. Se ganha voto a voto. Havia sim uma certa autoestima que não estava apoiada em nenhuma pesquisa, tratava-se nada mais do que a ideia de que o peronismo venceria de qualquer maneira. Na verdade foram feitas duas eleições muito boas: ganhamos em 9 de agosto [eleições primárias] e ganhamos em 25 de outubro, e agora concorremos com ótimas expectativas para o segundo turno. A diferença é que agora não se trata de uma eleição, e sim de uma opção entre duas alternativas distintas. Nesta etapa da campanha há a vantagem de que se pode ver com clareza o que um quer e qual é o projeto, de que lado quer estar. O país da igualdade, o país da inclusão, ou o país que vai apoiar os fundos abutres, que vai recorrer ao Fundo Monetário Internacional e que vai fazer o ajuste. Do lado do povo ou contra o povo. Nós estamos com o modelo de aproveitar o lugar que chegamos para seguir crescendo e seguir melhorando a situação de cada argentino. Temos que falar com cada um para que veja de que maneira a continuidade dos planos, dos projetos e o fato de encarar uma nova etapa que aproveite o melhor da anterior é também para ele uma oportunidade de crescimento e de melhora em sua vida. Já não falamos da Argentina somente, mas de cada argentino em particular, como fazer para que esteja melhor, se com subsídios ou sem subsídios. São as coisas que estão em jogo, e que neste momento podem ser vistas com mais clareza.

Mas Macri diz que isso é mentira e forma parte de uma campanha de medo.

É muito simples. Não tem que ver só o que dize, hoje, mas sim a história de quem está concorrendo neste domingo (22) ao segundo turno com a perspectiva de ser eleitos. Não há coerência entre o que Macri fala atualmente e sua história política, econômica e sua tomada de decisões. Em todo caso, já que agora diz que há coisas que estão bem, seria bom que listasse essas coisas que estão bem. Porque o que eu sinto, e o que todos os argentinos estamos vendo, é que ele não acompanha nenhuma medida. Nenhuma medida lhe parece boa em seu momento para poder apoiá-la. Ele falou mal do Futebol para Todos, até dos feriados se queixa. Se conseguir encontrar e nos dizer que coisas lhe parecem boas, há outra pergunta para fazer a ele: “Em que momento começou a se dar conta de que estavam bem? Por que ele trabalhou ativamente contra a recuperação da YPF, trabalhou contra a recuperação dos fundos da AFJP, trabalhou contra tudo que fosse recuperação do Estado na Argentina. Que explique como agora vem defender estes Estado que não ajudou a construir.


Considera que houve falta de estratégia entre diferentes setores da Frente Para a Vitória durante a campanha que agora podem prejudicar a chapa?

Há uma coisa que está dada: ao ser o PRO (Partido Proposta Republicana) um grupo pequeno e comandado com mãos de ferro por Jaime Durán Barba e Mauricio Macri, até nos mínimos detalhes é muito mais fácil de manejar; diferente de um movimento diverso, plural com diferentes níveis de compromisso como é a Frente Para a Vitória. Há muitíssimas visões distintas, todas com boas intenções, que se expressaram e foram manipuladas para aparentar que havia uma confusão interna. Inclusive se focou muito em uma campanha negativa contra o próprio Daniel Scioli, no sentido de que não ia ser capaz de conduzir o governo, que seria um fantoche, que não lhe deixariam montar uma equipe... Então, isto tem sido característico desta campanha: um governo que já leva doze anos sob uma intensa pressão midiática que trata de descontextualizar tudo o que nós planejamos. Neste segundo turno há a possibilidade de contratar dois modelos, então essa pressão perde um pouco de efeito; mas produziu muitos danos e nos fez perder tempo. Sempre o problema foi se íamos ter mais Estado, mais proteção aos mais vulneráveis, se haveria mais inclusão e igualdade. Ou se tudo isso será abandonado para começar a destruir pelas bordas, começar de novo, voltar ao FMI, ceder aos abutres e impor políticas de ajuste. Nos querem aplicar os mesmos planos que aplicam na Espanha, que aplicam na Grécia, que chamam de austeridade e de austero não têm nada.

Quais características de Scioli te surpreenderam durante estes meses de trabalho conjunto?

Com Scioli tenho uma relação política que já dura doze anos. Seguimos tendo a mesma relação e coordenamos os passos ue damos como ele coordena com toda sua equipe. É uma relação bastante estável, eu também sou um tipo fácil e estável, assim nos damos muito bem.

Mas agora a relação é mais cotidiana, ou não?

Conheci de perto sua capacidade de trabalho, por exemplo. Disso eu não conseguia me inteirar antes porque eu também estava trabalhando. Somos diferentes, mas não tanto. Meu pai e minha mãe eram muito humildes, já ele vem de uma família de classe média. Mas nós dois sofremos com os “vai e vens” do país da mesma maneira. A empresa do pai dele não era grande o suficiente para estatizarem a dívida, ao contrário da de Macri. Não tinham tamanho para lucrar com alguma das privatizações, como é o caso de Macri e sua família. Então a empresa de seu pai quebrou, já não existe. E por último, nós dois temos sido vítimas do modelo de ajuste e aplicação de receitas dos fundos abutres.

Na campanha vocês disseram que “apoiam os fins, mas não todas as ferramentas” do Kirchnerismo. Que ferramentas considera que devem ser replanejadas se vencerem neste domingo?

Nosso próprio governo não foi igual durante os 12 anos. Sempre tivemos o desafio de enfrentar com novos olhos as novas situações. Os problemas mudam de forma e quando se está no governo tem que assumir o desafio de estar mudando permanentemente. Nós viemos estruturando as mudanças mais importantes que se conheceu no último século na Argentina. Essa tarefa é complexa, partia de um diagnóstico: o problema era que a política estava desprestigiada porque entregou o manejo da economia aos grupos econômicos concentrados. Então precisávamos resgatar a política e reconciliá-la com a sociedade. Isto foi o que Néstor Kirchner fez e o que a Cristina seguiu fazendo. Foram os protagonistas de um gigantesco trabalho de mudanças e transformações, mas ainda falta muito por ser feito. Neste ponto é que estamos. Haverá que mudar muitas coisas, mas o que é necessário mudar sem dúvidas é este organismo central. O que propõe Macri é devolver aos grupos concentrados o manejo da economia. E isso já foi ruim para o povo argentino. Podem haver muitas mudanças, mas não mudaremos este ponto central: a ideia de um Estado presente, que ajude, que promova. O que falta é criar as condições para que cada um melhore o lugar em que está: que quem tem um trabalho precário para a ter um trabalho melhor; que quem tem um trabalho digno conquiste melhores condições, que possa terminar a casa, trocar de carro, as coisas que movem o homem e a economia.

Quais são as prioridades para começar a trabalhar na segunda-feira (23) já pela manhã?

Daniel firmou um compromisso em cada província. Colocar em marcha o país federal é muito importante. Há temas como a coparticipação que precisamos encarar com tempo e com paciências para poder continuar em um caminho de crescimento. Graças a Deus construímos nosso projeto em bases firmes. A economia está em um cenário que se aliviar a pressão feita por um juiz que o faz por sua situação pessoal e quer seguir atuando na economia e na política para dar um salto eleitoral, terá muita força.

Se refere a [Claudio] Bonadio?

Me refiro a ele e às medidas que toma. Depois de ter recebido toda a informação que precisava, fazer um rombo como o que ele fez só se explica pela busca por um golpe público, a busca de criar uma desvalorização judicial.

Você fala de uma fortaleza econômica, mas a oposição sustenta que a economia não cresce, não se cria emprego faz quatro anos e o Banco Central está vazio.

Dizem que não se cria trabalho e temos o índice de desemprego mais baixo da história da Argentina. Há coisas que se contestam por si só. O que acontece é que o mundo atual te leva a substituir história por notícia. Tendemos a ver só a notícia e há que se ver a história completa. Dizem que há quatro anos não crescemos. Não é verdade. Não se cresce no mesmo ritmo que vínhamos crescendo antes, e isso é outra coisa. Se você não tem uma visão histórica, então aí está a principal tarefa realizada pelo Grupo Clarín em todo este temo, que é invisibilizar tudo o que o governo faz e fazer com que as pessoas debatam sobre a notícia do dia sem saber de onde viemos e quanto avançamos. Então o que é necessário olhar é o todo. É como estávamos em 2003 e como estamos hoje. Tudo isso foi conquistado em um processo virtuoso onde não significa que descobrimos a pólvora, mas sim que descobrirmos que todo o ideal neoliberal que rende cultos ao mercado não dá resultados nunca e nós fizemos tudo ao contrário do que os gurus aconselhavam e veja como está a Argentina. Macri diz: há que fazer inversões para que as empresas ganhem e depois vai haver um crescimento que vai atingir os mais vulneráveis. Néstor e Cristina demonstraram na prática que a questão é outra: é necessário colocar dinheiro no bolso dos que estão embaixo, isso amplia o mercado de consumo e isso faz com que o comerciante e o industrial vendam mais e contratem mais trabalhadores para ir crescendo em seus investimentos e isso cria um círculo de êxitos. Obviamente que houveram altos e baixos, porque houve uma economia mundial e hoje há outra. Mas mesmas medidas que os economistas neoliberais querem aplicar já perderam efeito. 107 países incrementaram o valor do dólar e não conseguiram fazer crescer suas exportações, só acrescentaram o valor de suas importações. Seria fatal que uma manhã nos levantássemos e fizéssemos ajustes econômicos que baixariam os salários, os programas sociais, as aposentadorias. A história argentina também mostra que esses movimentos refletem sempre no preço das coisas. Está claro que este ideal neoliberal fracassou na Argentina.

Como influenciam as críticas e as estatísticas públicas [Indec]?

Este governo foi vilipendiado pelos meios dominantes durante oito anos. Houve um grande plano de invisibilização e descontextualização de tudo que foi feito. O que o governo fez está oculto. As 2700 escolas, os hospitais, parece que não foram feitos. Ninguém explica porquê a Argentina hoje tem condições de ter dois satélites de fabricação nacional em órbita. Isso parte de uma base: a ideia de ter um país autônomo. Continuamente são propostas como se fossem grandes discussões de fundo questões que na verdade são de forma. Se você me diz: “precisa que existam estatísticas confiáveis? Sim. Era necessário mudar o sistema do Estado da Argentina? Sim. Sabe se as mudanças vão passar a atingir todo o país e não só um pedaço? As estatísticas não são verdades objetivas. Mas todos os argentinos acreditamos que vamos solucionar um problema de crescimento de preços se temos um índice que mostre desta maneira. O Indec [Instituto Nacional de Estatística e Censo] é o termômetro, a febre, se é que existe e vai seguir sendo, por mais que seja modernizado o termômetro. Crer que porque vai melhorar o Indec vai melhorar a economia... bom, estamos perdendo tempo discutindo isso em vez de discutir o que é importante. Essa é a verdadeira campanha negativa.

Que leitura faz do julgamento da Corte Suprema contra a YPF?

Foi um erro muito grave porque confunde e expõe. Confunde a situação da YPF, que foi uma boa recuperação feita pelo Congresso argentino, que quando decidiu expropriar 51% decidiu também que seguiria operando na Bolsa de Nova York, porque isso é o que aumenta a competitividade frente a outras empresas do mesmo setor. Este julgamento tem um sentido duplamente negativo. Pode ser uma desvantagem frente a seus competidores porque vai ter que dar satisfações de sua estratégia comercial de exploração e produtiva que não convém que os outros saibam. Na Petrobras precisaram fazer espionagem para saber estas coisas, aqui não precisamos porque a YPF está exposta por culpa deste julgamento. E em segundo lugar há expressões confusas no texto que poderiam chegar a criar expectativas nos abutres de tomar os bens da YPF como se fossem bens sujeitos a embargos. Também me preocupa o momento em que o julgamento foi feito, que parece ser uma forma de influenciar sobre a economia e consequentemente no resultado das eleições. Como a medida de Bonadio, que trata de afetar o trabalho de uma área que tem justamente a missão de segurar as expectativas a respeito dos preços para que os argentinos sigamos tendo domínio sobre o dólar. Se não, dois ou três vão manejar porque é tão lindo falar de liberdade , adoram falar do dólar livre e parece que vão chegar dólares livremente nos bolsos dos argentinos. Tenho uma má notícia: se a Frente Para a Vitória não vencer, tudo vai parar nas mãos de uns poucos.

Vermelho

Arabia Saudita ordena la ejecución del poeta palestino Ashraf Fayad por renegar del Islam


El poeta palestino Ashraf Fayad

Arabia Saudita ordenó este viernes la ejecución del poeta palestino Ashraf Fayad por el delito de apostasía, es decir, negación del islam, que el autor negó categóricamente mientras sus amigos y allegados denuncian que se trata de una venganza de la Policía religiosa saudí por relatar en su libro de poesía Instrucciones en el interior (2008) sus experiencias como refugiado y grabar actos violentos perpetrados por las autoridades, informó Europa Press.

"La verdad es que estoy realmente consternado pero no sorprendido, aunque lo cierto es que no he hecho nada que merezca la muerte", declaró Fayad, de 35 años de edad y organizador de exposiciones en sedes como la Biennale de Venecia, en declaraciones al diario británico The Guardian.

Fayad fue detenido por primera vez por la Mutaween (la Policía religiosa saudí) en agosto de 2013 en la ciudad de Abha (suroeste del país) por insultar a Dios y al Profeta, así como de distribuir un libro de poemas que "incitaba al ateísmo". Sus amigos creen que fue detenido por grabar a la Policía religiosa mientras daban de latigazos a un hombre de esa ciudad.

Cinco meses después, en enero de 2014, Fayad volvió a ser arrestado y el tribunal le condenó a 800 latigazos y cuatro años de prisión. El escritor decidió apelar esta sentencia y, en respuesta, otro juez le condenó a muerte hace tres días al término de un proceso en el que Fayad no contó con representación legal porque las autoridades le quitaron su identificación al detenerlo por segunda vez en enero de 2014, según explica la activista Mona Karim, que ha llevado su campaña por su liberación.

"Cambiaron los jueces y al fiscal. El nuevo magistrado ni siquiera habló con él (Fayad), simplemente se dedicó a emitir el veredicto", denunció Karim, quien sospecha que Fayad recibió este maltrato como consecuencia de la discriminación habitual de la que son objeto los refugiados –o bidoon, esto es, apátridas– en el Golfo. Karim destacó que, a pesar de ser considerado a todos los efectos un refugiado palestino, Fayad nació en Arabia Saudita.

Blasfemia

"Me han acusado de ateísmo y de extender pensamientos destructivos por la sociedad", lamentó Farad en declaraciones al medio británico. Sus amigos denuncian que, cuando la policía religiosa fue incapaz de demostrar sus acusaciones en un primer momento, comenzaron a increpar al escritor por fumar y llevar el pelo corto. Después, dos "agentes" declararon en el juicio que el autor había insultado a Dios en público.

Fayad negó estas acusaciones inmediatamente ante el juez. "Me arrepiento ante Dios altísimo y soy inocente de lo que ha ha aparecido en mi libro mencionado en este caso. Instrucciones en el interior es un libro sobre mi persona, como refugiado palestino, y sobre asuntos culturales y filosóficos", lamentó.

El autor dispone ahora de 30 días para apelar esta última sentencia.

Aporrea com agencias

Galardonan a HispanTV con Premio Excelencia y Calidad en Brasil


La cadena HispanTV y sus colaboradores recibieron esta semana en Brasil el Premio Excelencia y Calidad de la Asociación Nacional de Liderazgo y Excelencia.

Todos los años, la respetada asociación otorga este deseado galardón a las empresas y personalidades que se destacaron en el año anterior. Rony Curvelo fue uno de los homenajeados como Periodista del Año.

La prestigiosa asociación brasileña de liderazgo y excelencia que condecora cada año a individuos y empresas internacionales en reconocimiento a su labor en sus respectivas áreas, realizó esta semana en la ciudad de São Paulo, el más destacado evento de su tipo en Brasil.

En esta noche de premios, nuestra cadena HispanTV recibió el premio de Empresa de Comunicación Internacional por el excelente trabajo realizado durante el año 2014.

También fue premiado nuestro camarógrafo Edson Batista por su trabajo durante las grabaciones de los 52 episodios emitidos a través del programa Panorama.

Igualmente, la asociación reconoció el trabajo de este periodista, no solo por sus reportajes como conductor del programa Panorama, sino también por los reportajes que ha hecho, casi a diario, durante el noticiero internacional de HispanTV.

Yo dedico y divido con cada colega de HispanTV este galardón de Periodista del Año. Este premio llega en el momento exacto en que completo 25 años de carrera y 4 como reportero de HispanTV. Debo destacar, para nuestro orgullo, que para un canal hispano ganar un premio en Brasil, donde el idioma oficial no es el español, es de verdad un reto que hemos superado merecidamente.

Rony Curvelo, Sao Paulo.

aaf/mla/hnb - HispanTv

‘Elementos del EIIL están huyendo a Libia’


Elementos del grupo terrorista EIIL huyen de Siria e Irak a Libia.

Un informe afirma que elementos del grupo terrorista EIIL (Daesh, en árabe) están huyendo de Siria e Irak a Libia, aprovechando el caos político que existe en este país norteafricano.

El diario egipcio Al-Ahram señala que mientras el proceso de reconciliación nacional entra en vigor lentamente, los takfiríes de Daesh aprovechan el vacío de poder en Libia, entran al país y consolidan su posición allí.

Al-Ahram reconoce que no se puede determinar la cifra exacta de los terroristas del EIIL presentes en Libia, pero, según estadísticas proporcionadas por diferentes fuentes, se estima que su número podría rondar los 5000.


El rotativo egipcio explica que estos elementos vienen de Oriente Medio y otros países de África, recordando que los procedentes de Siria e Irak tienen experiencia en el campo de batalla, y de hecho, son más peligrosos que los demás.

Estos terroristas comenzaron a dirigirse hacia Libia, país con un agudizado vacío de seguridad, en 2014 y en octubre del mismo año pudieron hacerse con el control de la ciudad nororiental de Derna.

El periódico egipcio recuerda que hace unos meses los elementos del grupo terrorista Al-Qaeda pudieron expulsar de Derna a los takfiríes de Daesh, quienes se desplegaron en la ciudad norteña de Sirte, a la que proclamaron como su capital en Libia.

Cientos de terroristas del EIIL, en su mayoría miembros de alto rango, huyeron de Al-Raqa, en el norte de Siria, a Mosul (norte de Irak) tras los recientes bombardeos de Rusia y Francia contra la mencionada ciudad siria, uno de los principales bastiones de Daesh en Siria.

Desde el pasado 30 de septiembre, Rusia lleva a cabo ataques aéreos diarios contra las posiciones del grupo terrorista Daesh en Siria, tras haber recibido una solicitud oficial del Gobierno de Damasco en ese sentido.

Francia, asimismo, empezó el pasado 15 de noviembre una gran campaña contra Daesh en Al-Raqa, en represalia por los atentados —reivindicados por el EIIL— en la capital francesa, París, que se saldaron con 132 muertos y más de 350 heridos.

Por otra parte, el Ejército iraquí, apoyado por las fuerzas populares, lucha encarnizadamente contra los takfiríes del EIIL en Irak, pudiendo liberar muchas zonas controladas por este grupo.

Cabe señalar que además de una crisis política, a Libia le acucian otros problemas, como el hecho de que cerca de 1700 grupos armados activos en el país norteafricano luchan entre sí para controlar los recursos y territorios ricos en petróleo. Estos enfrentamientos han llevado a Libia a la ruina.

zss/anz/msf - HispanTv

Exfutbolista musulmán causa polémica con sus comentarios sobre los atentados en París


Ex capitán de la selacción de Inglaterra, David Beckham, hablando con Frederic Kanouté / Reuters

"Una vida francesa no tiene más valor que la de un niño palestino". Este comentario sobre los atentados en París del futbolista malí de religión musulmana Frédérik Kanouté, exdelantero del Sevilla, ha causado polémica.

"Lo que pasó es una calamidad, pero también pasan cosas así todos los días en otras partes del mundo", indicó Kanouté al diario español 'Marca'.

"En Europa todo el mundo se solidariza y se vuelca cuando pasa en un país europeo o americano y si pasa fuera no pasa nada, que se maten entre ellos", indicó exfutbolista de Sevilla, que recordó que en 2008 la Liga lo multó por manifestar su apoyo a Palestina, cuando lo sucedido en entonces -opina- "fue algo mil veces peor que lo que pasó en Francia el otro día".

Según el jugador, la tragedia ocurrida en Francia tiene una raíz más de índole social o política que religiosa.

"Hay problemas sociales desde hace muchos años. Les cambian las ideas y con 18 o 20 años, sin haber tenido buena educación, fácilmente se pueden dejar atrapar por estas cosas. Los problemas en Francia son sociales, no son religiosos y hay gente que se aprovecha para decir que es una guerra de religión", opina Kanouté.

Actualidad RT

"Ataque inminente": Bruselas aumenta al nivel máximo la alerta terrorista


El metro de Bruselas ha cerrado este sábado después de que el país haya elevado al máximo el nivel de alerta terrorista, informa Reuters.

La Sociedad de Transportes Intercomunales de Bruselas (STIB) ha cerrado cuatro de sus siete líneas debido a la alerta terrorista tras los atentados en París que acabaron con la vida de 129 personas, informa Reuters. La misma fue elevada a un nivel 4, el máximo posible.

La alerta máxima ha sido anunciada en Bruselas, pero el resto del país mantiene un nivel 3.

Además, la Policía neutralizó este viernes un laboratorio químico clandestino para producción de explosivos, así como una gran cantidad de armas y municiones en el barrio de Molenbeek, en Bruselas, según la cadena de televisión RTBF.

¿Cuál es el motivo?

Salah Abdeslam, el sospechoso de participar en los atentados terroristas en París que sigue en libertad, vivía en el barrio de Molenbeek y trabajó en el metro de Bruselas, según una breve biografía del extremista publicada por la Policía en su lista de personas más buscadas.

"El consejo para la población es evitar los lugares donde hay un mucha gente, como centros comerciales, conciertos, eventos o estaciones de transporte público, siempre que sea posible", indicó un portavoz del Centro de Crisis del Gobierno.

Un comunicado en la página web del Centro recomienda que las autoridades cierren la red del metro hasta el domingo.

"Después de los ataques terroristas en París el 13 de noviembre y las posteriores redadas policiales en Bélgica y Francia, el Gobierno belga ha elevado su nivel de amenaza nacional hasta el nivel más alto, lo que indica que la amenaza de un ataque terrorista es seria e inminente", reza el comunicado.

"De puerta a puerta"

El ministro belga del Interior, Jan Jambon, ha dicho que llegó la hora de que el Gobierno tome las medidas necesarias para hacer frente a los problemas del yihadismo y de radicalización en el país, añadiendo que la Policía va a examinar "todas las casas de Molenbeek", barrio donde vivían dos de los terroristas, Salah Abdeslam, y su hermano mayor, Ibrahim, que se inmoló en un café de París.

"Las autoridades locales deben ir de puerta a puerta, llamar al timbre y preguntar quién realmente vive allí. Una vivienda debe ser registrada por un policía cuando una persona se va a vivir a otra casa", dijo el ministro del Interior en una entrevista con el periódico 'Het Nieuwsblad'.

Los temores a que Salah Abdeslam todavía pudiera suponer una amenaza de seguridad llevaron a que el Gobierno belga cancelara un partido de fútbol entre Bélgica y España que debía jugarse la semana pasada.

Asimismo, soldados belgas montan guardia en ciertas partes de Bruselas, incluyendo las instituciones de la Unión Europea y de la OTAN, que tiene su sede en la ciudad.

Actualidad RT

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Entrevista do Excelentíssimo Senhor Presidente Bashar Al Assad à Tv italiana RAI


Presidente Bashar Al-Assad para a televisão Rai italiana: "Daesh" não tem tutela na Síria”.

O presidente Bashar Al-Assad ressaltou que os terroristas não têm tutela na Síria e que podem ser fortes, já que têm o apoio de vários países, tanto no Médio Oriente quanto no Ocidente, e são treinados com o apoio da Turquia, do Qatar e da Arábia Saudita.

O Presidente Bashar Al-Assad salientou numa entrevista, concedida à televisão italiana RAI, que o Ocidente tem a responsabilidade primária pelo apoio dado aos terroristas que fundaram o "Daesh" e a "Frente Al-Nusra" na Síria, dando-lhes a cobertura necessária para proteger estas organizações terroristas.

O Presidente Bashar Al-Assad destacou que os terroristas são o principal obstáculo frente a qualquer progresso político na Síria e que não é viável definir qualquer calendário para uma solução política antes de infringir a derrota ao terrorismo.

A seguir, a transcrição da entrevista:

Jornalista: Sr. Presidente, gostaria de agradecê-lo pela oportunidade de entrevistá-lo. Vamos começar por Paris. Como foi a sua reação à notícia sobre acontecimentos em Paris?
Presidente Bashar Al-Assad: Posso começar dizendo que este é um crime terrível . Ao mesmo tempo, é muito triste termos que ouvir sobre a morte de pessoas inocentes sem razão ou justificativa. Nós, na Síria, compreendemos bem o significado da perda de familiares, de entes queridos, de amigos ou de pessoas que você conhece, num crime tão terrível quanto este. Nós, na Síria, estamos sofrendo com estes eventos há cinco anos e compartilhamos dos sentimentos dos franceses. Assim como compartilhamos dos sentimentos dos libaneses, há alguns dias atrás, e dos russos que perderam seus familiares e entes queridos no acidente que derrubou o avião no Sinai. Vale o mesmo para iemenitas. Mas será que o mundo e, especialmente, o Ocidente compartilha do sentimento destas pessoas? Ou será que sentem apenas pelos franceses? Será que sentem pela dor dos sírios, que estão sofrendo deste tipo de terrorismo por cinco anos? Não devemos politizar os sentimentos porque os sentimentos não estão relacionados com o nacionalismo, mas sim a humanidade de forma geral.

Jornalista: O "Daesh" está por trás deste crime. Baseado na perspectiva de Damasco, o quão forte é o "Daesh"? Qual seria, em sua opinião, a maneira de lutar contra os terroristas no terreno?
Presidente Bashar Al-Assad: Se você quer falar sobre o poder da "Daesh", a primeira coisa que você deve perguntar é se ele possui uma tutela real ou natural numa determinada comunidade. Até o presente momento, posso afirmar que o "Daesh" não possui uma tutela natural ou social dentro da Síria. Isso é bom e reconfortante. Mas, ao mesmo tempo, se este se tornar um problema crônico, tal ideologia pode até mudar uma sociedade.

Jornalista: Mas alguns dos terroristas foram treinados na Síria, a poucos quilômetros daqui. O que isso significa?
Presidente Bashar Al-Assad: Isso acontece com o apoio dos turcos, dos sauditas, dos qataris e, claro, das políticas ocidentais, que apoiaram terroristas de várias maneiras, desde o início da crise. Mas não é este o caso. Primeiramente, se não houver uma tutela, não devemos nos preocupar. Por outro lado, eles podem se tornar fortes, já que têm o apoio de diferentes países, tanto no Médio Oriente quanto no Ocidente.

Jornalista: Sr. Presidente, há especulações no Ocidente de que o senhor estava entre aqueles que apoiaram o "Daesh", no início da crise, a fim de dividir a oposição e os rebeldes. Qual é a sua resposta para isso?
Presidente Bashar Al-Assad: Na verdade, de acordo com algumas autoridades norte-americanas, incluindo Hillary Clinton, a Al Qaeda foi criada pelos americanos, com o apoio financeiro e ideológico wahabista da Arábia Saudita. A mesma coisa foi dita por muitas outras autoridades dos Estados Unidos. O "Daesh" e a "Al Nusra" são duas ramificações da Al Qaeda. Quanto ao "Daesh", este foi criado no Iraque, em 2006, e seu líder era Al-Zarqawi, morto pelas forças americanas na época. Portanto, o “Daesh” foi criado no Iraque, sob a supervisão dos americanos. O líder atual do "Daesh" é o chamado Abu Bakr al-Baghdadi, que estava detido nas prisões americanas, em Nova York, e depois posto em liberdade. Portanto, não há relação da Síria nisso. O Daesh não foi criado na Síria e sim no Iraque e, de acordo com o que eles disseram, já atuava no Afeganistão. Tony Blair disse, recentemente, que a guerra no Iraque contribuiu para o surgimento do "Daesh". Então, a confissão deles é a prova mais importante no que se refere à sua pergunta.

Jornalista: Sr. Presidente, quando olhamos para o mapa da Síria, parece que as fronteiras entre a Síria e o Iraque já não existem mais. Qual é a parte que vocês controlam, de fato, atualmente na Síria?
Presidente Bashar Al-Assad: Se você está se referindo ao aspecto geográfico, isso muda a cada dia. Mas, o mais importante é o número de habitantes que vivem nas áreas controladas pelo governo. Na realidade, a maior parte da área controlada pelos terroristas foi esvaziada de seus moradores, tanto pelos terroristas quanto pela própria população, que fugiu para as áreas controladas pelo governo. Em termos militares, você pode ganhar algumas áreas ou pode perder uma determinada área. De qualquer forma, o exército não pode estar presente em todos os cantos da Síria. Mas olhando para o mapa descrito por você ou assistindo, de vez em quando, a mídia ocidental, quando dizem que o governo controla 50% ou menos dos territórios, a realidade é que 50% ou 60% dos territórios sírios são terras vazias, sem habitantes, e por isso as colocam sob o controle dos terroristas, já que estão completamente vazias.

Jornalista: Sim. Gostaria de perguntar sobre a fronteira entre a Síria e o Iraque.
Presidente Bashar Al-Assad: Tudo bem. A região localizada depois de Damasco, indo em direção ao Iraque, está vazia e, por isso, não se pode falar em controle. No que diz respeito às fronteiras, isso está relacionado aos terroristas e aos governos que os apoiaram, como o governo turco, de forma essencial, bem como o governo da Jordânia. Ambos os governos apoiam os terroristas. Por esta razão, as fronteiras estão soltas, porque quando você quer o controle das fronteiras, este controle deve ser feito pelos dois lados e não de forma unilateral.


Jornalista: Foram realizadas, na semana passada, duas importantes conferências que abordaram a situação na Síria, uma em Viena e a outra em Antalia. A maioria dos países fala sobre um processo de transição na Síria. Existem diferentes posições. Mas, basicamente, a maioria dos países concorda com a ideia de realizar eleições depois de dezoito meses. Entretanto, dizem que, neste ínterim, deve ocorrer a sua destituição do poder. Qual é a sua posição em relação a isso?
Presidente Bashar Al-Assad: A declaração não contém nada sobre o presidente. A principal parte (da declaração) da Conferência de Viena diz que tudo o que se refere ao processo político depende do que for acordado entre os sírios. Desta forma, a frase mais importante que resultou da conferência está relacionada à Constituição e ao presidente. Qualquer que seja o presidente, ele deve ocupar ou deixar o cargo em conformidade com os procedimentos constitucionais e não de acordo com os critérios de alguma força ou de algum país ocidental. Então, desde que a conversa seja sobre o acordo entre sírios, devemos esquecer todo o resto do que foi dito em Viena, exceto este ponto. No que diz respeito ao calendário, isso depende do acordo que podemos, como sírios, alcançar. Se não alcançarmos um acordo no prazo de dezoito meses, que importância tem isso? Eu acho que existem muitas coisas que não são importantes ou essenciais. A coisa mais importante é que sentemos juntos, como sírios, e possamos definir a agenda e o plano que nos convém.

Jornalista: Eu entendo. Mas a probabilidade de sua destituição do cargo não seria algo que o senhor deveria levar em consideração? Quero dizer, o senhor imagina um processo eleitoral sem a sua participação?
Presidente Bashar Al-Assad: Isso depende do que você quer dizer com o processo eleitoral. Você se refere às eleições presidenciais ou parlamentares.

Jornalista: Me refiro às eleições parlamentares.
Presidente Bashar Al-Assad: Claro. Ocorrerão eleições parlamentares, porque essas eleições mostrarão quais forças políticas têm peso real na Síria, do ponto de vista do povo sírio. E qual dessas forças tem bases populares. Neste momento, qualquer um pode dizer: "Eu represento a oposição". O que isso significa? Como podemos traduzi-lo? A tradução será feita através das eleições e do número de assentos que eles ocuparão no parlamento. E isso determinará a sua participação no governo que será formado. Isto é um exemplo. É claro que isso vai acontecer depois da homologação da nova Constituição. Eu estou apresentando apenas um exemplo de proposta e não definindo o que deve ser acordado.

Jornalista: E sobre as eleições presidenciais?
Presidente Bashar Al-Assad: Se durante os diálogos os sírios decidirem pela realização de eleições presidenciais, não haverá nenhuma linha vermelha no que diz respeito a este assunto. Esta decisão deve estar sujeita ao acordo entre os sírios.

Jornalista: Mas poderia haver outra pessoa em quem o senhor confia para participar das eleições, no seu lugar?
Presidente Bashar Al-Assad: Uma pessoa em quem eu confie? O que você quer dizer com isso?

Jornalista: Eu quero dizer alguém que o senhor confie para ocupar o cargo de presidente.
Presidente Bashar Al-Assad: Parece-me que estamos falando das minhas posses, de forma que eu possa escolher quem me substituirá. O assunto sobre o qual estamos falando não se refere a uma propriedade privada. Estamos falando de um processo nacional. Somente os sírios têm o direito de escolher a pessoa em quem confiar. Não importa se eu confio ou não em alguém. A pessoa que tiver a confiança dos sírios é quem deve ocupar o cargo.

Jornalista: Deixe-me ver se eu entendi o que o senhor disse. Qual seria o calendário realista para isso? Qual seria o calendário, do seu ponto de vista, para sair desta crise?
Presidente Bashar Al-Assad: Se você quer falar sobre um calendário, então ele começa a valer após a derrota do terrorismo. Antes disso, não valeria a pena definir qualquer calendário, porque não seria possível conseguir qualquer conquista política no momento em que os terroristas controlam muitas das áreas na Síria.
Os terroristas são, como eram originalmente, o principal obstáculo frente a qualquer progresso político. E se você quer falar sobre o que vai acontecer depois disso, creio que um ano e meio ou dois anos seriam suficientes para qualquer período de transição.
O que eu quero dizer é: Se você quiser homologar uma nova Constituição e, em seguida, realizar um referendo, logo depois as eleições parlamentares e quaisquer outros procedimentos, sejam eles presidenciais ou não, não importa. Tudo isso não levaria mais do que dois anos.

Jornalista: No que diz respeito à oposição, o senhor insistiu em dizer, ao longo dos últimos anos, que as partes que pegam em armas e lutam não fazem parte da oposição. O senhor mudou de opinião?
Presidente Bashar Al-Assad: Você pode aplicar isso no seu próprio país. Vocês não aceitam qualquer oposição que pegue em armas em seu país. Isso se aplica a qualquer outro país. Qualquer um que pega em armas, aterroriza as pessoas, destrói propriedade privada ou pública e mata pessoas inocentes não pode ser um oposicionista. A oposição é uma expressão política. Você não pode definir o que é uma oposição baseando-se numa opinião pessoal, mas sim através das eleições e das urnas.

Jornalista: Então quais são as partes que o senhor considera parte da oposição política no momento?
Presidente Bashar Al-Assad: Você pode perguntar aos sírios sobre quais as partes que eles consideram oposição. Se eles a elegerem, esta será a verdadeira oposição. Por isso eu disse que só poderemos defini-la após as eleições. Mas se estamos falando sobre a minha opinião, então a oposição é formada pelas partes que detêm bases populares e pertencem à este país. Você nunca será oposição se você for formado, tanto como pessoa quanto como entidade, num ministério estrangeiro ou nas sedes dos serviços de inteligência dos outros países. Você não pode ser um fantoche ou um agente ou um mercenário. Você deve ser, unicamente, um sírio.


Jornalista: Vemos, agora, na Europa, na Itália, muitos refugiados sírios. O que o senhor gostaria de dizer a estas pessoas que fugiram do seu país?
Presidente Bashar Al-Assad: Certamente direi que qualquer pessoa que deixa este país é uma perda para a Síria. Isso é fato. Estamos tristes e sentimos pelo sofrimento deles, porque cada refugiado tem uma história de sofrimento dentro da Síria. É disso que devemos tratar e nos perguntar sobre o motivo deles saírem. Eles estão saindo por várias razões. A primeira razão é a ameaça à qual estão expostos por parte dos terroristas. A segunda razão é o impacto que os terroristas causam quando destroem grande parte da infraestrutura e o efeito disso na vida destas pessoas. A terceira razão, ligada à importância deste impacto terrorista, é o embargo ocidental à Síria. Se você perguntar a muitos desses refugiados se eles querem voltar para a Síria, você verá que eles querem voltar imediatamente. Mas como voltar para a Síria num momento em que foram afetados, de forma drástica, todos os alicerces de sua vida e de seus meios de subsistência. Por esta razão, eles não conseguem ficar na Síria. Os impactos do embargo ocidental e dos terroristas colocaram estas pessoas numa posição difícil, entre a cruz e a espada.

Jornalista: Mas o senhor não se sente responsável, de alguma forma, pelo que aconteceu com o seu povo?
Presidente Bashar Al-Assad: Você se refere a mim, como pessoa?

Jornalista: Sim.
Presidente Bashar Al-Assad: A única coisa que temos feito, desde o início da crise, é lutar contra o terrorismo e apoiar o diálogo. O que mais podemos fazer, além disso? Existe alguém que se oponha ao diálogo? Existe alguém que se oponha à luta contra o terrorismo? Se você quer falar sobre detalhes e sobre a propaganda ocidental, então não vamos desperdiçar o nosso tempo. É mera propaganda. Porque o problema, desde o início, em relação ao Ocidente é que eles não querem tal presidente. Eles querem que este governo falhe e entre em colapso, de modo que eles possam muda-lo. Todos sabem disso. Todo esse jogo ocidental é para mudar os regimes. Independentemente do que se entende por regime. Nós não temos um regime. Temos um Estado. Mas eu estou falando sobre os seus conceitos e princípios. Desta forma, você pode culpar a quem você quiser. Mas a responsabilidade principal é do Ocidente, que apoiou estes terroristas e criou o “Daesh” e a “Frente Al Nusra” na Síria, dando-lhes a cobertura necessária para proteger tais organizações terroristas.

Jornalista: Então o senhor não assume qualquer responsabilidade?
Presidente Bashar Al-Assad: Eu, como um sírio, não digo que nós não cometemos erros. Existem erros cometidos, em nível tático, em todos os dias de atuação. Mas existem estratégias e as estratégias que temos adotado estão configuradas nestas duas abordagens. Em termos táticos, temos cometido erros todos os dias. Cada sírio é responsável pelo que vem acontecendo. Nós, como sírios, somos responsáveis quando permitimos que esses terroristas venham para a Síria, porque alguns sírios têm a mesma mentalidade deles. E alguns sírios aceitaram servir de fantoches nas mãos dos países do Golfo e dos países ocidentais. É claro que assumimos a responsabilidade. Mas se você quiser falar sobre a minha responsabilidade pessoal, então ela está relacionada aos detalhes e isso é difícil de julgar neste momento.

Jornalista: Gostaria de perguntar sobre como foi sua visita a Moscou?
Presidente Bashar Al-Assad: A visita foi para discutir a situação militar, porque ela ocorreu duas semanas antes das tropas russas iniciarem os ataques aéreos. Bem como para discutir o processo político, porque a visita também ocorreu poucos dias antes da Conferência de Viena. Foi uma visita muito proveitosa porque os russos compreendem bem esta região, em virtude de laços históricos que nos unem. Eles têm suas embaixadas e todas as relações e os meios necessários que lhes permitem desempenhar o seu papel. Desta forma, posso descrever a visita como frutífera.

Jornalista: Em Roma, o Papa disse que matar em nome de Deus é uma forma de infidelidade. Esta é, na realidade, uma guerra religiosa?
Presidente Bashar Al-Assad: Na verdade, não. Não é uma guerra religiosa. É uma guerra entre aqueles que se desviaram da verdadeira religião, principalmente do islamismo, e se viraram para o extremismo, e nós não os consideramos como parte de nossa religião. É uma guerra entre os verdadeiros muçulmanos, de um lado, e os extremistas de outro lado. Esta é a essência da guerra hoje. É claro que eles dão outros nomes a esta guerra, tais como a guerra contra os cristãos ou a guerra contra outras seitas. Isso não é nada, senão nomes usados pelos extremistas para promover a sua guerra. Enquanto que a verdadeira questão é a guerra entre eles e todos os outros muçulmanos, compostos, em sua maioria, pelos moderados.

Jornalista: Mesmo se eles estejam lutando em nome de Deus e matando ao dizer Deus é grande?
Presidente Bashar Al-Assad: Exatamente. É desta maneira que eles promovem a sua guerra. Para isso, eles usam estas expressões ou frases sagradas. Para convencer as pessoas comuns, nesta região, de que estão lutando pela causa de Deus. Isto não é verdade, em absoluto. Alguns deles usam estas expressões, mesmo sabendo que não é verdade. E alguns as usam por ignorância e por acreditar que esta guerra é pela causa de Deus. É por isso que eu a descrevi como um desvio. Estas pessoas se desviaram do verdadeiro Islã, de forma consciente ou inconsciente.

Jornalista: E quanto ao futuro dos cristãos na Síria e na sua região?
Presidente Bashar Al-Assad: Na verdade, esta região, creio que os italianos e muitos no Ocidente sabem disso, é uma região moderada. Uma comunidade moderada. Especialmente na Síria. Tanto em termos políticos, sociais ou culturais. E a verdadeira razão para esta moderação é a existência da diversidade sectária e étnica. Mas um dos fatores mais importantes na história da Síria é o fator cristão, especialmente após o advento do Islã a esta região há quatorze séculos. Sem cristãos, esta região rumaria em direção a um extremismo maior e assim por diante. O futuro deles é importante e não pode ser separado do futuro dos sírios. Quero dizer que, se houver um bom futuro para os sírios, então o futuro de cada um dos componentes da nossa sociedade será bom e vice-versa.
Jornalista: Bem, então o senhor acha que eles têm um futuro aqui. Mas parece que os cristãos estão sendo alvos.
Presidente Bashar Al-Assad: Não, isso não é verdade. Na verdade, o número de muçulmanos que foram mortos na Síria é muito maior do que o número de cristãos. Portanto, não se pode dizer que eles estão sendo alvos em particular. Novamente, os extremistas estão usando isso para promover a guerra. Eles dizem que é uma guerra contra os ateus e pela causa de Deus e tal, mas a realidade é outra.

Jornalista: Sr. Presidente, antes de terminarmos esta entrevista, deixe-me fazer outra pergunta. Como o senhor vê o seu futuro? O que o senhor considera mais importante, o futuro da Síria ou permanecer no poder?
Presidente Bashar Al-Assad: Primordialmente, o futuro da Síria é tudo para nós. Quero dizer que até mesmo o meu futuro, como um cidadão, não pode ser separado do futuro dela. Como um cidadão, se meu país não estiver seguro, eu não estarei seguro. Se o meu país não estiver bem, não terei um bom futuro. Isto é basilar. Mas, novamente, se você quer colocar as coisas na balança, você dirá: Se o presidente ficar, o futuro da Síria será ruim. E se o presidente se for, o futuro da Síria será bom. Isto faz parte da propaganda ocidental. E este não é o caso na Síria. Não dentro da Síria. Há quem apoia o presidente e há quem não o apoia. E assim será se o meu futuro for bom para a Síria. Se o povo sírio me quiser como seu presidente, o futuro será bom. Mas se os sírios não quiserem a minha presença e eu me agarrar ao poder, então o fato de eu ser o presidente será ruim para a Síria. É uma questão muito simples. Então não devemos seguir a propaganda ocidental e agir de acordo com ela, porque ela está longe da realidade. Nós temos que agir de acordo com a nossa realidade.
Jornalista: Obrigado, Sr. Presidente, por esta oportunidade de conhecê-lo.
Presidente Bashar Al-Assad: Obrigado por terem vindo para a Síria.


Fonte: Embaixada da República Árabe da Síria
Tradução: Jihan Arar
Data: 20/11/2015



Atentado em Paris: as lágrimas de crocodilo dos dirigentes europeus e dos EUA


por Edmilson Costa [*]

O terrorismo é um método de ação pequeno-burguês, eivado de niilismo e revolta cega, cujos autores imaginam que podem mudar alguma coisa mediante ações individuais, desligadas das massas. Além disso, quando o terrorismo é realizado indiscriminadamente, atingindo a população civil, esse tipo de ação se torna ainda mais condenável, pois mata pessoas inocentes e não serve à causa que os próprios terroristas defendem. Trata-se apenas do terror pelo terror, da barbárie pura e simples. Em algumas situações, em que se torna necessário ações específicas contra certos objetivos militares ou governamentais, no bojo de grandes lutas de massas ou dualidade de poder, essas ações podem até ser realizadas, desde que não atinjam civis ou inocentes.

Esse atentado em Paris se enquadra nas ações de terrorismo puro e simples. Cerca de 130 pessoas foram assassinadas, nenhuma delas possuía relação com o governo ou tinha realizado qualquer ação contra o islamismo. Foram mortos simplesmente por estar no lugar errado, na hora errada. Tratou-se, evidentemente, de um ato bárbaro que ceifou a vida de inocentes, executado por fanáticos, sem nenhum critério político, ideológico ou militar. Na verdade, os executores desse massacre eram apenas peões guiados desde longe por interesses geopolíticos e econômicos do imperialismo, tanto europeu quanto norte-americano. O atentado deve ser duramente condenado e seus autores punidos severamente, mas é importante refletirmos: por que ocorrem tragédias tão bárbaras como esta em pleno século XXI?


Os atentados realizados na França, como o das torres gêmeas nos Estados Unidos e em vários países se assemelham à lenda do feiticeiro que, ao desenvolver de maneira descontrolada o feitiço, terminou não controlando mais a alquimia e esta voltou-se contra o próprio feiticeiro. Os atentados contra as torres gêmeas foram realizados pela Al Qaeda, um grupo terrorista treinado e financiado pela CIA para lutar contra os soviéticos no Afeganistão. Enquanto lutou contra os soviéticos, Bin Laden era festejado como herói, saia em fotos ao lado de dirigentes dos Estados Unidos e era reverenciado no Ocidente. Quando a guerra acabou e os EUA tentaram descartá-lo porque este não servia mais aos seus interesses, recebeu o troco, com os atentados que resultaram em milhares de mortes no centro do império.


Agora a França está sentindo na carne pela segunda vez a mesma dupla moral do imperialismo. O Estado Islâmico e outros grupos terroristas que atuam na Síria foram treinados e armados pelo Ocidente para derrubar o presidente Bashar Assad, porque a Síria representa no Oriente Médio um espinho na garganta do imperialismo, uma vez que não se dobra aos interesses do Ocidente na região. Os Estados Unidos e a Europa, especialmente a França, além da Arábia Saudita, Qatar e Turquia, organizaram milhares de mercenários, oriundos de dezenas de países, construíram rede logística, doaram equipamentos bélicos altamente sofisticados para invadir a Síria e depor seu presidente. Provocaram uma guerra civil e um banho de sangue no País, cujo resultado é a morte de 280 mil sírios, entre os quais milhares de crianças, o deslocamento de 11 milhões de habitantes e o êxodo de 800 mil refugiados que hoje perambulam famintos pela Europa.

Poucos também ainda lembram de que há quatro anos, o Departamento Militar dos Estados Unidos na Europa, a OTAN, com o apoio decisivo da França e sem nenhum motivo plausível, a não ser o desejo de derrubar o presidente da Líbia, Muamar Kadafi, colocou toda a sua máquina de guerra para bombardear a Líbia e organizou milhares de mercenários para invadir o País e matar o presidente, num espetáculo dantesco divulgado pelas TVs do mundo inteiro. Essa guerra particular do imperialismo contra uma nação soberana custou milhares de vidas, desarticulou o Estado líbio e espalhou a anarquia institucional, onde cada região do País é governada por gangues mercenárias que espalham diariamente o terror entre a população.

É educativo recordar ainda que a guerra dos mercenários contra a Síria tem o apoio também decisivo da França, que forneceu armamento aos mercenários, chamados eufemisticamente de “grupos moderados”. Ao admitir que estava entregando armas para esses grupos, o presidente “socialista” francês, François Hollande, disse que os equipamentos bélicos estavam dentro do compromisso europeu com o esforço para derrubar Assad. Esse mesmo argumento foi também expresso pelo presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, quando solicitou ao Congresso verbas para o financiamento dos “rebeldes sírios”. Qualquer observador sabe que esses mercenários são treinados em campos da Jordânia e da Turquia pela CIA e depois são enviados para a Síria. Ao chegar na Síria, as armas terminam caindo nas mãos do Estado Islâmico porque os mercenários não têm moral: lutam ao lado de quem paga mais. E o Estado Islâmico, que controla regiões petrolíferas do Iraque, tem dinheiro suficiente para absorver os novos combatentes. Tudo isso é feito com o conhecimento da CIA, resultando no fato de que o Estado Islâmico se tornou o grupo mais forte entre os mercenários no interior do País.

Estado Islâmico ganha vida própria

Nessa conjuntura, o Estado Islâmico ganhou vida própria. Instalou um Califado na região, instituiu leis medievais nas cidades sob seu controle, destruiu monumentos históricos, realizou um conjunto de atrocidades contra os povos das áreas ocupadas e ainda tinha a prática de degolar os habitantes que não se convertiam ao islã. Enquanto acontecia com os povos da região, essa prática era tolerada pelo Ocidente e desconhecida do grande público. Só se tornou um fato internacional quando jornalistas ocidentais e estrangeiros em geral, europeus e norte-americanos, foram degolados publicamente, com grande estardalhaço e publicidade. A partir daí o mundo inteiro tomou conhecimento dos métodos do Estado Islâmico e sua imagem se deteriorou internacionalmente. Mesmo assim a CIA e os outros serviços de inteligência ocidental continuaram fornecendo, por baixo do pano, armas e material logístico para esses terroristas continuarem matando civis na Síria.

Um dos elementos da conjuntura que mostra a hipocrisia do imperialismo norte-americano e europeu na guerra da Síria é fato de que, quando a imagem do Estado Islâmico se deteriorou definitivamente, o Estados Unidos e os países da Europa resolveram “combater” o Estado Islâmico. Era uma forma de dar alguma satisfação à opinião pública diante das atrocidades cometidas por esses terroristas. Após mais de um ano de bombardeios, o Estado Islâmico continuou mais ativo do que nunca, sofisticando suas ações, ampliando seu exército e conquistando novos territórios.

Quando a Rússia decidiu, por solicitação da Síria, bombardear efetivamente os terroristas do Estado Islâmico, em coordenação em terra com o Exército Sírio, logo a opinião pública mundial tomou conhecimento do engodo que era a luta dos Estados Unidos e da Europa contra esses terroristas. Em menos de três semanas, os russos destruíram campos de treinamento, sua logística, depósitos de armas, bunkers, mudando assim o curso da guerra. A partir daí, com os terroristas em debandada, o Exército Sírio foi retomando as cidades ocupadas e demonstrando ao mundo a farsa dos bombardeios dos Estados Unidos. Ou seja, em um mês a Rússia fez mais do que os Estados Unidos e o Ocidente em mais de um ano.


Diante desse fato insofismável, qual foi a reação do governo norte-americano e de seus aliados? Um cinismo risível. Quando os primeiros resultados dos certeiros bombardeios se tornaram públicos, em vez dos Estados Unidos elogiarem os russos pelos êxitos no combate aos terroristas que eles teoricamente estavam também combatendo, colocaram toda a máquina de propaganda para divulgar que os russos não estavam bombardeando o Estado Islâmico mas os “rebeldes” treinados pela CIA, que os russos erraram alvos e acertaram civis ou que bombardearam por engano território do Irã. Como essas informações eram fantasiosas e convenciam poucas pessoas, mudaram de tática e agora procuram se desvincular do jogo sujo, criando algum fato para salvar sua imagem.

Recentemente, diante da inevitável derrota do Estado Islâmico pelos bombardeios russos, os Estados Unidos novamente buscam manipular a opinião pública através dos meios de comunicação a serviço de seus interesses. Agora, divulga-se que os EUA estão bombardeando efetivamente o Estado Islâmico e num desses bombardeios chegaram a matar o chefe dos terroristas que degolava os estrangeiros. Querem desesperadamente mudar a imagem, associando sua ação à morte de um terrorista “degolador de ocidentais”. Pura propaganda. Para quem estava há mais de um ano lutando contra esse grupo terrorista, matar um degolador é um feito não muito digno do exército mais bem equipado e sofisticado do mundo.

Não se pode esquecer também que a França é um dos principais parceiros da Arábia Saudita, uma monarquia feudal e reacionária, principal baluarte do imperialismo no Oriente Médio. Fica muito difícil para a França dizer que todos devem se unir para combater o terrorismo, ao mesmo tempo em que é um dos principais países vendedores de armas para a Arábia Saudita, a principal financiadora dos grupos mais radicais do terrorismo internacional. Essas armas francesas terminam caindo nas mãos dos terroristas. Além disso, como país colonialista, a França não respeita a soberania dos países africanos, suas antigas colônias. Nos últimos anos, mesmo com um governo que se diz socialista, invadiu vários países para defender seus interesses. É contraditório e ridículo querer combater o terrorismo alimentando os terroristas ou os países que os financiam. Em outras palavras, a política francesa para o Oriente Médio contribuiu para o fortalecimento do terrorismo no mundo. Criaram um monstro e foram atacados por ele.

Os mortos de segunda classe

Neste momento, todos os dirigentes dos países ocidentais estão consternados com as mortes de Paris, mas nenhum deles se sensibiliza com as mortes que ocorrem diariamente nos países da periferia, fruto da política imperialista dos Estados Unidos e da Europa. No mesmo momento em que ocorreram os atentados em Paris também os terroristas do Estado Islâmico realizavam um atentado em Beirute no qual morreram 43 pessoas e mais de 280 ficaram feridas. Há algum tempo atrás os terroristas invadiram uma universidade no Quênia e mataram 147 estudantes, da mesma forma que mataram outras centenas na Nigéria.

Todos os dias palestinos são mortos pelas tropas de ocupação de Israel, num espetáculo de brutalidade que já se tornou rotina na região. Milhares de pessoal morreram na invasão da Líbia pelos bombardeios da OTAN e pelas tropas mercenárias a serviço do imperialismo. Outros milhares também morreram ou estão ainda morrendo no Iraque e no Afeganistão. Na Síria, o número de mortes causadas pela guerra imperialista já pode ser considerado um genocídio. Todas estas mortes são da responsabilidade direta da política imperialista para o Oriente Médio e a África na sua insaciável busca por fontes de petróleo, gás e matérias-primas. Para atingir seus objetivos, o imperialismo não limites.

Nenhum dirigente das potencias ocidentais veio a público condenar de forma tão indignada essas atrocidades como estão fazendo com os atentados de Paris. É a indignação seletiva do Ocidente. Parece que a vida dos árabes e africanos tem pouco valor, são mortes de segunda classe. Afinal, nenhum deles era branco de olhos azuis ou residente nas metrópoles imperialistas. Além da brutalidade como o imperialismo trata esses povos, existe também algo vinculado ao racismo, fenômeno típico das sociedades ocidentais, que cresceram e se desenvolveram explorando e humilhando esses povos.

Isso pode ser visto claramente na cobertura realizada pelos meios de comunicações, também controlados pelas nações ocidentais. Nas mortes de segunda classe, eles praticamente silenciam. Tratam a carnificina no Oriente Médio e na África como uma coisa de pouco destaque. Mas quando os atentados são realizados nas vitrines do capital, nos Estados Unidos ou na Europa, os jornais realizam uma cobertura com grande estardalhaço. Passam dias e dias desdobrando o assunto. Transformam essas mortes de primeira classe numa calamidade mundial, incitam a população à solidariedade induzida e todos os dirigentes tratam esses episódios como uma guerra contra os valores ocidentais.


Quem são os verdadeiros responsáveis?

Na verdade, os principais responsáveis pelo terrorismo no mundo são o imperialismo norte-americano e europeu, além de Israel. São os seus governos que armam, treinam e constroem a logística e fornecem as coordenadas de inteligência para esses grupos atacarem países que não seguem o receituário imperialista. Armam terroristas contra Cuba, “contras” para desestabilizar a Nicarágua, Bin Laden e a Al Qaeda para atacar os soviéticos, mercenários para invadir a Líbia e outros grupos que estão direta ou indiretamente servindo aos seus interesses. Na Síria, todos os grupos terroristas, especialmente o Estado Islâmico, foram armados e treinados pelos serviços de inteligência ocidental.

O Estado Islâmico e os outros grupos mercenários que atuam na Síria são criaturas do imperialismo, filhos legítimos ou bastardos da política externa do Ocidente imperial. Sem as armas, o treinamento, a logística e a inteligência e o financiamento do imperialismo estes grupos não teriam condições de operar da mesma forma que estão operando na Síria. Como se explica que um grupo como o Estado Islâmico, inexpressivo há cinco anos, construa num passe de mágica um exército com mais de 50 mil pessoas, com armamento pesado, artilharia, tanques, mísseis e toda a parafernália militar sofisticada que utilizam atualmente? Como explica os desfiles triunfais desse grupo terrorista, com centenas de pick-up novinhas, dezenas de tanques, armamento pesado e moderno, quando conquistam uma cidade ou território?

Todo esse armamento é fornecido pelos países imperialistas e por seus satélites para desestabilizar governos legítimos. Por isso, as lágrimas de crocodilo derramadas pelos dirigentes franceses e ocidentais em geral é uma tremenda hipocrisia contra a opinião pública mundial e os franceses em particular. As balas que mataram os franceses inocentes nesses atentados provavelmente foram fabricadas nos Estados Unidos, na Inglaterra ou na França e os terroristas que executaram os atentados possivelmente foram treinados pelos serviços de inteligência ocidentais. Denunciar essa hipocrisia dos líderes ocidentais neste momento, esclarecer a população sobre os verdadeiros responsáveis por esses atentados é um dever de todos aqueles querem transformar o mundo e se livrar do imperialismo.

A funcionalidade do terrorismo

Vale ressaltar finalmente que o terrorismo é funcional para o capital e o imperialismo, especialmente neste período de crise sistêmica global. Alimentando e financiando o terrorismo contra governos legitimamente eleitos, mas contrários à política do império, desestabiliza-se essas nações, depõe-se seus dirigentes e implementa-se a política econômica imperialista, ampliando-se assim as fronteiras geopolíticas do capital. Pouco importa se para realizar essas ações sejam assassinados centenas de milhares de pessoas, como aconteceu na invasão do Iraque, da Líbia e na guerra mercenária contra o governo da Síria.

Quando o terrorismo ganha vida própria, comete atrocidades nas regiões onde atua e esses fatos chegam à opinião pública internacional, os terroristas deixam de ser funcionais e são descartados por seus patrocinadores. Inverte-se então a equação: para vingar-se da ingratidão, os terroristas punem severamente seus antigos patrocinadores com atrocidades selvagens, como ocorreu agora em Paris. Mas essas atrocidades são muito menores do que aquelas que praticam nas regiões onde aterrorizam as populações locais. Como são realizadas contra povos de segunda classe não ganharam manchetes nos jornais, rádio ou televisão. Mas quando ocorrem no centro do império, ganham dimensão mundial.

No entanto, por incrível que pareça, esses atentados são também funcionais para o capital em época de crise. Sob o pretexto de combater o terrorismo, os governos ocidentais promulgam leis cada vez mais repressivas contra a população e os trabalhadores. Procuram criminalizar os movimentos sociais. Os partidos de extrema-direita, ganham novos argumentos para perseguir os imigrantes e crescerem eleitoralmente em seus países, tornando-se uma reserva de valor político muito importante que poderá ser utilizada nos momentos de agravamento da crise, como ocorreu no período anterior à Segunda Guerra. Portanto, as lágrimas de crocodilo dos dirigentes ocidentais representam não só a hipocrisia dos representantes de uma classe apodrecida e a dupla moral do imperialismo, mas principalmente a necessidade de superar o sistema imperialista.

17/Novembro/2015

[*] Doutorado em economia pela Universidade Estadual de Campinas e secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista Brasileiro.

Resistir.info .....................

Nota da redação do Marcha Verde:


RETRATO DA VINGANÇA DA FRANÇA NA SÍRIA - Esta é a vingança francesa na Síria: massacres de inocentes. Isto é terrorismo de Estado, embora a imprensa ocidental canalha e mercenária não admita.

Ucrânia não quer pagar dívida de US$3 bilhões à Rússia


O primeiro-ministro ucraniano, Arseny Yatsenyuk, declarou que Kiev não tem planos de pagar a dívida à Rússia. O ministro das Finanças russo já reagiu declarando que em caso de falta de pagamento, a Rússia poderá fazer uso do seu direito de devedor soberano e declarar o default da Ucrânia.

O chefe do governo ucraniano divulgou que o país não quer pagar a dívida de obrigações no valor de US$3 bilhões e que a parte russa não receberá novas condições de reestruturação da dívida, informou a agência noticiosa russa RIA Novosti, citando a mídia ucraniana.

“Eu também declarei [à parte russa]: não receberá diferentes condições de que outros credores. A condição básica é a redução da dívida em 20%, adiamento de todas as dívidas de quatro anos. Se não quer, não receberá a decisão do governo sobre a introdução de moratória ao pagamento de US$3 bilhões à Rússia. Gostaria de explicar aos nossos vizinhos e ao Estado agressor: nós não vamos pagar US$3 bilhões”.

Ao mesmo tempo, a ministra das Finanças da Ucrânia, Natalia Jaresko, já tinha declarado mais cedo que não exclui a possibilidade de default do país caso a dívida não for paga:
“Caso não fizermos o pagamento, sim [default pode ser declarado]. Mas acho que agora é prematuramente pensar no que vamos fazer e eles vão fazer… Seria a especulação do nosso lado e do deles. Nós estamos nos preparando para todos os variantes possíveis”.

Sputniknews

Xi Jinping condena Estado Islâmico por assassinato de chinês


O presidente chinês, Xi Jinping, em viagem às Filipinas para comparecer ao 23º encontro dos líderes da Organização da Cooperação Ásia-Pacífico (APEC, em Inglês), condenou nesta quinta-feira o Estado Islâmico por assassinar um cidadão chinês.

Além de expressar de forma veemente a repulsa da China face às ações cruéis do EI, Xi transmitiu as condolências aos familiares do homem, identificado como Fan Jinghui.

Xi reiterou que a China se opõe a quaisquer atividades de natureza terrorista. Mais acrescentou que o país irá combater com firmeza qualquer ação violenta que ponha em causa os alicerces da civilização humana.

Diário do Povo Online

Movimento mundial exige que EUA retire suas bases militares da AL


Manifestantes pedem o fechamento da Base Naval norte-americana em Guantánamo, considerada o maior centro de tortura do mundo

A ingerência dos Estados Unidos nos países da América Latina e Caribe está longe de ser novidade. Especialistas afirmam que existem entre 70 e 80 bases ao todo, incluindo as de Guantánamo, território cubano ocupado pelo país de Barack Obama em 1903. Para exigir a soberania do continente é que especialistas de 27 países se reúnem entre os dias 23 e 25 desde mês no 4º Seminário Internacional de Paz e pelo Fim das Bases Miliares Estrangeiras

O Portal Vermelho conversou com a Socorro Gomes, presidenta do Conselho Mundial da Paz, que este ano é um dos organizadores do seminário. Ela explica que o objetivo do encontro é estabelecer uma agenda de luta pela paz e pelo fim das bases militares em todo o continente, mas principalmente em Guantánamo, por ser a mais simbólica.

“Os Estados Unidos implementaram essas bases em Guantánamo pela força bruta que ameaçam a soberania do povo cubano e de todos os países do Caribe e da América Latina, por isso nós vamos debater as estratégias de luta contra esta ingerência”, afirmou Socorro.

Para a presidenta do Conselho Mundial da Paz estas bases não têm outro objetivo senão aterrorizar e intimidar os povos latino-americanos e caribenhos. “Geram um clima de insegurança que fortalece essa onda de terrorismo que nós vemos no mundo todo. Aqui na América Latina temos até um braço da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte], que é a ocupação das Ilhas Malvinas, da Argentina”.

Segundo o presidente do Movimento Cubano Pela Paz e Soberania dos Povos, Silvio Platero, a maior delegação no seminário este ano será a dos Estados Unidos, com 103 ativistas. A expectativa é que mais de 200 delegados de 27 países participem.

Para o dirigente, a Base Naval de Guantánamo é o centro de tortura mais cruel e desumano do planeta. Atualmente há mais de 100 prisioneiros, detidos por supostos atos terroristas, mas no entanto nenhum deles foi julgado ou teve seus crimes esclarecidos.

Reunião do Conselho Mundial da Paz

O Comitê Executivo do Conselho Mundial da Paz vai se reunir em Guantánamo, entre os dias 20 e 21, antes do seminário, com o objetivo de avaliar o atual cenário global e as ações concertadas na luta anti-imperialista, no intuito de fortalecer o movimento pela paz e avançar com propostas concretas.

Para Socorro, esta é uma oportunidade de extrema importância na demonstração da solidariedade internacional ao povo cubano, tanto na comemoração pelos importantes avanços das suas causas (como a libertação dos cinco heróis cubanos detidos nos EUA e a própria retomada de relações diplomáticas com o país), mas também para o reforço da luta pelo fim do bloqueio criminoso imposto à ilha revolucionária e pela devolução do território usurpado de Guantánamo.


Movimentos organizados de 27 países vão definir agenda de lutas contra a ingerência dos Estados Unidos

A agenda do Comitê Executivo é diversa e representa as várias e urgentes prioridades dos povos atualmente, na luta contra a militarização do planeta, contra as políticas de ingerência belicista impulsionadas pelo imperialismo, pela abolição das armas nucleares, a persistência do colonialismo e o neocolonialismo, entre outras, com o empenho decidido pela dissolução da Otan como a "máquina de guerra do império" entre os apelos centrais por ação de unidade.

Os membros do Conselho Mundial da Paz preocupam-se com a escalada da violência no Oriente Médio e na África, principalmente devido à ação imperialista de desestabilização e ingerência, de apoio incondicional ao sionismo israelense e sua ocupação sobre os territórios palestinos, ameaçando também seus vizinhos árabes, o ressurgir do fascismo e da extrema-direita na Europa e na América Latina, com ameaças golpistas para conter o avanço progressista e soberano dos últimos anos, as manobras militares de ameaça e acosso da Otan e seu expansionismo em direção à Rússia, as ingerências dos Estados Unidos também na vizinhança da China, com o apoio à remilitarização do Japão, entre outros temas prementes na agenda de lutas do movimento pela paz.

A solidariedade aos povos em resistência à guerra, à ocupação, à ingerência e às intentonas golpistas, como é o caso do Saara Ocidental, da Palestina, da Venezuela, da Síria, de Cuba, entre tantos outros, abastece e fortalece as organizações membros do Conselho Mundial da Paz pela consolidação de uma intensa programação de ações concertadas, enfrentando a ameaça de guerra disseminada para demandar respeito à vontade dos povos de todo o mundo de paz, justiça, cooperação e igualdade. A ênfase nessa determinação é essencial para a mobilização e a inclusão de cada vez mais movimentos sociais nessa luta compartilhada contra o imperialismo.

Do Portal Vermelho, Mariana Serafini, com Cebrapaz