domingo, 19 de março de 2017
Milhares de pessoas prestigiam Lula e Dilma na inauguração da transposição do Rio São Francisco em Monteiro, Paraiba
Num evento épico, em que água finalmente chegou ao sertão depois de mais de um século de espera, mais de vinte mil pessoas exaltaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente eleita, mas deposta pelo golpe, Dilma Rousseff, que conceberam e executaram a transposição do São Francisco; “O presidente Lula deixou um projeto pronto, e eu tenho a honra de ter dado prosseguimento", disse Dilma; “Nós sabemos o que era o Nordeste, o que não faltava era carcaças de animais na seca, pessoas invadindo mercearias para saquear e matar a fome, não tínhamos Universidade, não tínhamos Institutos federais, não tínhamos cisternas para o homem da terra", lembrou o governador Ricardo Coutinho; “Sair de onde eu saí, e chegar onde eu cheguei, só sendo as mãos de Deus. Conseguir iniciar essa obra e vê-la pronta é maravilhoso”, afirmou Lula, no ponto alto da festa; “Se querem me crucificar, criem vergonha e não queiram crucificar 204 milhões de pessoas que eu sempre defendi. Essa gente não sabe o sofrimento do povo, costuma dizer que o povo do Nordeste é ignorante, ignorantes são eles”, afirmou
Brasil 247 - Por Aquiles Lins, enviado especial a Monteiro (PB)
A cidade de Monteiro, no sertão da Paraíba, presenciou um evento épico, neste domingo 19, dia de São José, em que a presidente eleita Dilma Rousseff, deposta pelo golpe de 2016, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Ricardo Coutinho fizeram a inauguração popular da transposição do São Francisco, uma obra que beneficia 12 milhões de nordestinos atingidos pela seca e é a principal realização brasileira nas últimas décadas.
Idealizada pelo Imperador Dom Pedro II em 1877, depois de uma grande seca no Nordeste, a obra só começou a sair do papel no governo do ex-presidente Lula e foi construída na gestão de Dilma. Duas semanas atrás, Michel Temer, que chegou ao poder depois do golpe parlamentar de 2016, fez uma inauguração formal, mas teve que se esconder da população, que não o reconhece como ocupante legítimo do cargo que exerce. Neste domingo, mais de vinte mil pessoas se dirigiram a Monteiro, num evento que foi chamado de "Lulapoalooza" e teve direito a apresentação de artistas locais e de nomes consagrados, como o cantor e compositor paraibano Chico César.
O senador Humberto Costa (PT-PE) lembrou os obstáculos da transposição. "Diziam que era faraônica, diziam que não sairia do papel e a transposição está aí. Isso é só o começo da redenção do Nordeste", afirmou. "O povo quer de volta o maior presidente da História do Brasil. E quando o povo quer, não tem Moro, não tem Globo, não tem Judiciário que impeça". Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores, também discursou e disse que a história começou a mudar no dia 15 de março, quando 1,5 milhão de brasileiros foram às ruas contra a reforma da Previdência. "Um Congresso corrupto não vai tirar nossos direitos", disse ele. Em vários momentos, os discursos eram interrompidos com gritos de "Fora Temer".
O governador paraibano, Ricardo Coutinho, exaltou a figura de Lula. “Para fazer essa obra não podia ser membro da elite, tinha que ser do povo, tinha que ser de Garanhuns”, disse ele. Coutinho destacou, em sua fala da inauguração popular da transposição do Rio São Francisco, a vitória do povo contra o coronelismo. “Nós sabemos o que era o Nordeste, o que não faltava era carcaças de animais na seca, pessoas invadindo mercearias para saquear e matar a fome, não tínhamos Universidade, não tínhamos Institutos federais, não tínhamos cisternas para o homem da terra.”
Dilma falou do projeto recebido de Lula e de como executou a obra. “O presidente Lula deixou um projeto pronto, e eu tenho a honra de ter dado prosseguimento. Vejam vocês a cara de pau de dizerem que a obra podia ser feita e resolvida em 6 meses”, afirmou Dilma. Ela ainda declarou que o governo atual “nunca levantou um dedo pela Transposição”, e chamou a população para votar as urnas em 2018, elegendo Lula como presidente. “Esse golpe ainda está em andamento, e não deixaremos que nos impeçam de competir em 2018. Ganharemos essa eleição em outro de 2018. Vamos exigir que haja eleição, que os competidores não sejam impedidos de competir. No tapetão não. Em 2018 teremos um encontro com a democracia e vamos vencer mais uma vez as eleições", acrescentou.
"Querem me crucificar"
No encerramento, um Lula emocionado também emocionou o público presente. "Sair de onde eu saí, e chegar onde eu cheguei, só sendo as mãos de Deus. Conseguir iniciar essa obra e vê-la pronta é maravilhoso”, afirmou.
“Se querem crucificar, criem vergonha e não queiram crucificar 204 milhões de pessoas que eu sempre defendi. Essa gente não sabe o sofrimento do povo, costuma dizer que o povo do Nordeste é ignorante, ignorantes são eles”, acrescentou.
Lula finalizou seu discurso afirmando que são sabe quanto tempo mais tem de vida, mas garantiu que “se tiver um só minuto será para lutar, levantar o povo nordestino”.