domingo, 19 de março de 2017

Brasil sofre um mega ataque à sua indústria de carne


Nota da redação:

99,5% das unidades frigoríficas brasileiras estão dentro dos padrões de segurança.

99,7% dos funcionários do Ministério da Agricultura não cometeram nenhuma irregularidade.

Em dois anos de investigações em praticamente todas as plantas frigoríficas, as denúncias atingem 21 das 4.837 unidades (menos de 0,5% do total) e 33 fiscais de 11.000 (0,3% do total), ou seja: as carnes brasileiras são seguras. Nossa indústria levou muitas decadas de investimentos em genética para conquistar os exigentes mercados estrangeiros.

O Brasil exporta carnes para 160 países. Nenhum país importador de carnes do Brasil detectou qualquer problema, mesmo com os produtos sendo analisados e avaliados a cada carga recebida.

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ATAQUE NORTE-AMERICANO A EXPORTAÇÃO DA CARNE BRASILEIRA

A política externa norte-americana se move em duas vertentes. A vertente dos interesses econômicos, materializada no objetivo de abrir espaço no mundo para as empresas e transnacionais do país, e a vertente dos interesses geopolíticos, sintetizada no objetivo de assegurar e manter a hegemonia do poder militar norte-americano no planeta. Eventualmente essas duas frentes se confundem, o que estimula a intervenção direta.

A forma de intervenção, porém, foi atualizada. As últimas aventuras militares americanas no mundo resultaram em fracassos, já que ou não venceram as guerras, ou não conseguiram estabilizar politicamente os países em que as venceram. Foi o caso do Iraque, do Afeganistão, da Líbia, do Egito, da Síria. Diante disso, mudaram de tática. Passaram sobretudo a dar ênfase a manipulação e controle de forças internas de preferência à intervenção.

Nesse último caso destaca-se a intervenção na Ucrânia. O Departamento de Estado e ONGs associadas intervieram abertamente no país a fim de criar um ambiente contra a “corrupção” que levaria à derrubada de um governo que tinha alguma simpatia pela Rússia. Este, o crime verdadeiro. Os EUA fizeram ressurgir a guerra fria a fim de colocar de joelhos o único poder nuclear que lhe pode fazer frente. Mas levaram um baile na Crimeia e na Síria.


Os Clintons não engoliram a estratégia fria e pacifista de Putin. Entretanto, não contavam com a derrota de Hillary que pôs abaixo a estratégia belicista empreendida pela aliança neoliberal/neoconservadora. Nesse momento trava-se um guerra interna no Governo norte-americano que combina essas duas correntes. Na campanha eleitoral, Donald Trump pendia para o lado de um convivência civilizada com a Rússia. Veremos para onde vai.

É no contexto da guerra de informação e comunicação empreendida pelos Estados Unidos para afirmar sua hegemonia no mundo que é preciso avaliar o ataque recém-desfechado contra a exportação brasileira de carne. A operação, segundo a Polícia Federal, começou há aproximadamente dois anos. Foi nessa época que os Estados Unidos reforçaram o boicote às exportações de carne para a Rússia, como castigo pela incorporação da Crimeia.

O Brasil, que já está sob pressão no âmbito dos BRICS, teria de pagar por sua “ousadia” por ser grande fornecedor de carne para a Rússia e a China. A justificação, como tem sido frequente, é o da corrupção. Procuradores e policiais da operação estão sendo claramente manipulados por agentes norte-americanas, na linha do que o procurador-geral Rodrigo Janot confessou ser prática corrente de obtenção de informações junto aos Estados Unidos.

O que está acontecendo com o grupo da carne aconteceu com a Engenharia Nacional, também ela destruída pelo Judiciário e o Ministério Público a pretexto de combater a corrupção. No grupo da carne está se constituindo pelo menos uma reação, além de que as acusações são tão absurdas que facilitam a contestação. Veja a história do papelão. Em qualquer caso, precisaríamos de um Erdogan: o premiê turco que liquidou com uma ameaça de golpe interno preparado e comandado justamente pelo Judiciário.

José Carlos de Assis – Tribuna da Imprensa Sindical