terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
Rio: estamos sob intervenção; quando estaremos em guerra?
Fernando Brito - Tijolaço
O Rio de Janeiro, a rigor, já não tem um governo.
Está sob um tipo absolutamente covarde de intervenção federal, que não se assume, apenas, mas que deixa o cadáver político-administrativo e econômico de Luiz Fernando Pezão receber a surra diária da crise contra a qual não pode reagir e já não tem comando algum.
A “novela” do apoio do Governo Federal, anunciado por Henrique Meirelles no dia 11 de janeiro, ainda é uma promessa, à qual o Supremo Tribunal Federal – mas que diabos “acordos” financeiros entre a União e um Estado da Federação precisam ser intermediados pelo STF, se forem legais? – acaba hoje de adiar por mais um mês o (talvez) desfecho.
O Judiciário se junta ao Executivo na irresponsabilidade: se há solução, por que adiá-la?
Por enquanto, só o que vamos receber são tropas do Exército, posto a desempenhar o papel de polícia, que ameaça não ser mais exercido pela polícia estadual: a polícia civil já parou e a militar vive uma semiparalisia.
O governador do Estado, que já tinha sido afastado por um câncer de exercer o mando real, virou um mulambo, que não tem autoridade política para nada: foi obrigado pelo Governo Federal a entregar a Companhia de Água e Esgotos como carniça da privatização e não tem força para fazer descer goela abaixo de uma Assembléia abaixo da crítica os remédios mais que amargos que lhe exigem.
Talvez o que ainda o mantenha no cargo – que a Justiça Eleitoral já ensaiou lhe tomar – seja o fato de que, sem o mandato, a engrenagem que está moendo – com “méritos” de sobra – Sérgio Cabral o esmague de vez. Ou alguém tem dúvidas de que, sem a imunidade que lhe dá o cargo, ele vai ser mais um personagem da pirotecnia policial-judicial?
O Rio de Janeiro, um estado que sempre esteve na mira do poder econômico por sua eterna insubordinação política, está literalmente ajoelhado diante do governo central e isso vai piorar nos próximos dias.
Não há possibilidade de manter o Exército como responsável por toda a segurança no Estado, que não se compara em tamanho à região da Grande Vitória. É bem diferente de intervenções pontuais, localizadas, onde a concentração de um grande número de militares intimida e dá algum resultado.
A PM já deixou de funcionar normalmente e é evidente que há muita gente apostando no agravamento da situação para forçar uma “solução” para uma administração que já não tem futuro.
Por incrível que pareça, até agora, só a criminalidade está cooperando para que tudo não degringole, porque se há o poder de fogo e a coordenação que tanto se alardeia no tal “crime organizado”, não há dúvidas que teriam condição de fazer aqui tanto ou mais que o PCC fez, no passado, em São Paulo.
E se o fizer, com o Exército encarregado de manter a ordem, as consequências institucionais são imprevisíveis.