terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Assad: 'Deixe-me ser franco, não houve nenhuma operação dos EUA contra os terroristas'


O presidente sírio Bashar Assad destacou que a paz no seu país só será alcançada se duas condições forem cumpridas: primeiro, se o combate contra os terroristas for bem-sucedido e, segundo, se houver um diálogo entre os sírios para decidir o futuro do sistema político.

Destino do cessar-fogo

O presidente sírio não concorda com os que dizem que o cessar-fogo na Síria está morto. "É natural que em cada cessar-fogo em qualquer lugar do mundo, em cada guerra, em qualquer conflito, haja estas violações. […] Mas isso não significa que haja uma política de violar o cessar-fogo pelo governo ou por qualquer outro partido, e isso é algo com que podemos lidar diariamente […], mas até este momento, o cessar-fogo é observado", destacou o presidente.

Tudo para defender o povo

No combate contra os grupos terroristas do Daesh (Estado Islâmico) ou da Frente al-Nusra (Frente Fatah al-Sham), podem ser usados todos os métodos para defender o povo sírio, afirmou Bashar Assad.

"Se você fala de meios militares, sim, claro, porque os terroristas estão atacando as pessoas — eu não estou falando apenas sobre o Daesh. O Daesh, a al-Nusra e todos os grupos afiliados à Al-Qaeda dentro da Síria… matam civis e decapitam pessoas", disse ele.

"Nosso dever constitucional e dever legal como governo, como exército e como instituições do Estado é defender o povo sírio. Não é uma opinião, é um dever", destacou o presidente.

'O país não pertence à minha família'

Bashar Assad afirma que o país não pertence à sua família, mas a todos os sírios.

"A minha família não possui o país. A Síria é propriedade dos sírios, e cada cidadão sírio tem o direito de assumir este cargo [de presidente]", afirmou o chefe de Estado.

Hafez Assad, pai de Bashar, ocupou o cargo presidencial entre 1971 e 2000, entregando a presidência ao filho, cujo mandato dura até este momento.

Contribuições dos EUA e coalizão para a paz

O presidente sírio afirmou não estar grato à coalizão liderada pelos EUA e, mais do que isso, disse que não houve nenhuma operação:

"Deixe-me ser franco, na verdade não houve nenhuma operação contra o Daesh. Foi uma operação cosmética. Foi apenas uma aliança ilusória, porque o Daesh estava se expandindo durante aquela operação. Ao mesmo tempo, essa operação é uma operação ilegal porque aconteceu sem consultar ou ter a permissão do governo sírio, que é um governo legítimo, e é uma violação de nossa soberania. Em terceiro lugar, eles não impediram nenhum cidadão sírio de ser morto pelo Daesh, então para que devo estar grato?"

Bashar Assad adicionou que a União Europeia tem apoiado os terroristas sob vários pretextos. "Eles não podem destruir e construir ao mesmo tempo", frisou o presidente.

Sputniknews