quarta-feira, 2 de março de 2016

França e a questão síria: A mentira, a náusea e as sanções


O pior ministro francês das relações exteriores jamais ofereceu uma fuga à França. Ele deixa para trás uma diplomacia arruinada, desacreditada e desmoralizada: nossos diplomatas seriam os melhores do planeta, mas não podem fazer milagres enquanto forem levados a só defenderem o indefensável, o que os coloca sistematicamente ao lado ruim da História. É aqui que está o busílis da questão.

Por Michel Rimbaud*

A saída de um ministro tão estranho às relações internacionais, que só desperta ao ouvir o nome de Bachar al Assad, não provocará choro senão a ele mesmo e a seus cúmplices. Mas os otimistas inoxidáveis, cheios de esperança, deveriam desconfiar: se nunca se tem certeza do pior, menos ainda do melhor.

O ministro era um dos pilares do “Grupo de Amigos da Síria”, cuja lista dos Estados membros ilustraria perfeitamente a sentença já conhecida: com amigos como esses, não se precisa de inimigos. Retomando a tocha acesa pela França, quando do ataque da Otan contra a Líbia, Laurent Fabius fez de tudo para impulsionar nosso país à vanguarda da guerra da virtuosa “comunidade internacional”. Não foi ele mesmo que, meio irritado, meio ganancioso, considerava em julho de 2012 que “ainda existiam reforços possíveis em matéria de sanções”, insistindo para que a Grécia parasse de importar fosfato sírio?

O clube Elisabeth Arden (Washington, Londres, Paris) que pretende há um quarto de século encarnar a comunidade internacional, transformou-se no curso dos últimos anos em um diretório de bichos-papões tendo como inspiração os neoconservadores do “Estado Profundo” dos países do Ocidente e outros, e por aliados privilegiados os regimes do Oriente Médio mais prováveis de flagelação. Em 2011, depois do Iraque, Sudão, Afeganistão, Somália, Palestina, Iugoslávia, Irã, Ucrânia e alguns outros, nossos bichos papões, no entanto, bem absorvidos na tarefa do momento (proteger as populações da Jamahirya Líbia bombardeando-a, antes de liquidar fisicamente Kadafi) vão destinar à Síria um tratamento de escolha. É assim que as sanções vão aparecer desde os primeiros dias.

Em julho de 2012 (por questões éticas, tiramos o nome do jornal e dos jornalistas), um vídeo aparece na internet com um título em forma de pergunta: “A que servem as sanções contra a Síria”? Sobre isto, note o comentário escrito: “feito há mais de um ano como objeto de medidas de retaliação por parte da comunidade internacional com um sucesso limitado”. É necessário “punir e sufocar economicamente o regime de Bachar al Assad, que reprime com sangue seus opositores: este é o objetivo”. Nunca pararemos de ouvir esse refrão.

O vídeo diz que, em 23 de julho de 2012, a União Europeia adotou um novo pacote de sanções, pela 17ª vez em um ano (sic). Lembra que os EUA, o Canadá, a Austrália, a Suíça, a Turquia e a Liga Árabe (sequestrada pelo Catar e os regimes do Golfo) tomaram medidas equivalentes.


Sem fazer uma lista interminável de sanções impostas, renovadas e reforçadas nos anos seguintes, não seria inútil, relembrar de passagem, em atenção aos distraídos, aos ignorantes ou aos de boa fé, o script geral da obra-prima dos dirigentes ocidentais e de suas burocracias sádicas:

1. De início vêm as sanções clássicas: “aplicadas” pelo Conselho de Segurança, em maio de 2011.

As primeiras medidas tomadas pela União Europeia eram relativas à proibição (recusa de liberar vistos) e ao bloqueio de bens de 150 personalidades do regime sírio.

Além disso, umas 50 empresas “apoiadoras do regime” são submetidas a boicote, incluindo cinco organismos militares, de acordo com o embargo adotado “sobre as exportações de armas e materiais suscetíveis de serem utilizados para repressão”. É também proibido que a Síria exporte equipamentos, tecnologias ou programas destinados a monitorar ou interceptar comunicações via internet ou telefones.

2. Em 10 de agosto de 2011, o governo estadunidense impõe sanções econômicas contra as empresas de telecomunicações sírias e os bancos ligados a Damasco, impedindo os cidadãos estadunidenses de estabelecer negócios com o Banco Comercial da Síria, o Banco Sírio-Libanês Comercial ou Syriatel. Os bens dessas empresas nos EUA são bloqueados, quer dizer, roubados. Hillary Clinton anuncia, então, um embargo total sobre as importações de petróleo e de produtos petrolíferos provenientes da Síria.

Seguindo o exemplo de seus mestres, a União Europeia aprova vários pacotes de sanções suplementares, incluindo o embargo sobre o petróleo. O último visando reduzir as trocas comerciais a fim de asfixiar a economia do país.

3. Em seguida, viriam as sanções diplomáticas (chamada dos embaixadores para consultas) decididas desde o outono de 2011, após o duplo veto russo-chinês sobre o projeto de resolução islâmico-ocidental visando a provocar na Síria um processo como na Líbia. Os Estados Unidos retiraram de Damasco seu embaixador de terceira categoria e vários Estados da União Europeia fizeram o mesmo.

Juppé recordou sua primeira vez em 17 de novembro de 2011: “erro fatal” para o ministro. Após um falso retorno, sua saída definitiva será em fevereiro de 2012. Nomeado em maio de 2012, Fabius fará ainda melhor: apenas empossado, ele expulsará a embaixatriz da Síria em Paris, esquecendo que esta última é igualmente representante na Unesco e que não poderia obriga-la a sair.

4. Em 2012, acontece o fechamento da companhia aérea Syrianair em Paris, depois da interdição de toda ligação entre a França e a Síria e, de uma maneira mais geral, entre as capitais europeias e Damasco.

Infelizmente, os especialistas se lamentam cheios de unção e compunção, de que nem todo mundo está de acordo com o embargo, o que limita seu alcance. A bela unanimidade que, de 1991 a 2011, juntou os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança em torno dos três ocidentais não existe mais e isto é um elemento determinante que permite quebrar a arrogância e a onipotência dos poderosos do Atlântico. Dedos acusadores apontam “certos países que não jogam o jogo”? Mas é mesmo um jogo? A Rússia e a China apoiam o governo e o Estado sírio: elas serão demandadas a se “juntarem à comunidade internacional”. A Síria pode igualmente contar com a ajuda multiforme de seu aliado, o Irã, mas este já está sob pesadas sanções. Outros países, como o Brasil, não ajudam os ocidentais? Além disso, certos Estados arrastam os pés na União Europeia, e os acordos contra Damasco se multiplicam.

Certamente, é difícil fazer funcionar esse bloco que asfixia progressivamente a Síria, mas nossos perfeccionistas se consolam: é inegável que já aparecem os resultados esperados. Após cinco anos de sanções e de fúria coletiva, o povo sírio está exausto e vive em condições terrificantes. Nossos grandes dirigentes, tão bons e puros, desconhecem a verdade, não a de seus protegidos emigrantes que vivem no calor ou no frio à sombra de seus protetores, mas a verdade dos habitantes que permaneceram em seu país. Longe do paraíso da revolução que os primeiros fizeram acreditar, longe do paraíso ao qual aspiram os jihadistas democráticos e os terroristas moderados, é um inferno o que vivem os sírios da Síria real, um inferno que se deve ao fanatismo de seus “libertadores” e de seus aliados turcos ou árabes tanto quanto ao sadismo do “eixo do bem”, financiadores de terroristas e grandes distribuidores de punições eternas.

As sanções conseguem destruir um país que era mais próspero, quase sem dívidas, autossuficiente para suprir suas necessidades essenciais e bem situado globalmente. Elas acabaram por atingir o tecido nacional sírio, soldado por uma tolerância “laica” bastante exemplar, sem conseguir, no entanto, desestruturá-la. O objetivo desse “politicídio” era (e ainda é) desmoralizar as populações, levando-as a perder confiança na legitimidade de seu Estado, seu governo, seus dirigentes, suas instituições, seu exército, dando-lhes a ilusão de que o Ocidente está felizmente lá para “salvá-los do tirano que as massacra” e acolher em seu seio os refugiados e os desertores.

O terrível balanço registrado no Iraque – um milhão e meio de mortos, dos quais 500 mil crianças – está aí para lembrar que as sanções são uma arma de destruição em massa, utilizada com um total cinismo pelos “donos do mundo”. Para Madeleine Albright, sem dúvida, os “efeitos colaterais” valem a pena. Estamos vendo o resultado.

Na Síria, as “punições” ocidentais não são melhor intencionadas. Elas visam a domar um povo resistente e forçá-lo a aceitar a fatalidade de uma mudança de regime, ou levá-lo a fugir ou a desertar… Para sangrar o país de sua juventude já formada, de seus quadros que aspiram a viver melhor em um clima de paz… Para fazer desses refugiados um povo de mendigos, à mercê de traficantes de toda espécie: testemunho disto são essas crianças e mulheres instaladas à noite nas esquinas das boulevards parisienses por grupos inquietantes.

Há 5 anos, nossos políticos, nossos jornalistas complacentes, nossos intelectuais perdidos ou desviados participam, com algumas exceções, na enorme conspiração de mentiras que transforma a Síria de legítima e soberana em usurpadora e massacradora; e seus agressores e patrocinadores, orientais ou ocidentais, em libertadores revolucionários. Além do horror e o pavor que causam as imagens desta guerra selvagem, como não ter náusea diante dessa cegueira, voluntária ou não, de nossas elites que preferem dar crédito às mentiras de seus aliados e protegidos criminosos mais do que aos inúmeros testemunhos das vítimas que designam sem ambiguidade seus algozes? Como não ter náusea diante dessa cumplicidade assumida, camuflada por um silêncio sistemático? Como, enfim, não tremer diante desse alinhamento e dessa boa fé de cimento de nossos formadores de opinião?

A solução não consiste em acolher na Europa, os refugiados que nós, de um jeito ou outro, criamos alimentando a guerra universal de agressão e a jihad na Síria. É necessário acabar imediatamente, sem prazos e sem condições, as sanções que são destinadas a quebrar todo um povo. É necessário pôr fim à guerra e não desligá-la do seu impacto por meios sórdidos, astutos e iníquos que são as sanções ao estilo ocidental.

É necessário fazer justiça a esse povo martirizado e humilhado. E a mais elementar das justiças, a primeira, é não mais acobertar os crimes ferozes que procuram destruir sob o nome da intolerância a Síria tolerante. Isto implica igualmente não mais tolerar a impudência dos mestres que punem e ficam impunes, com a morgue dos arrogantes. Chega de mentiras, chega de hipocrisia, chega de lições.

Repetimos, é necessário acabar com as sanções criminosas e celeradas que matam a Síria e seu povo. Nem em um mês, nem em um ano, mas agora. Isso não é uma questão de diplomacia, é uma questão de honra, e a França seria honrada proclamando, de sua parte e a título nacional, o fim das sanções.

* Michel Rimbaud é um antigo embaixador da França. Seu interesse é focado particularmente sobre as problemáticas do mundo árabe-muçulmano e da África, regiões onde ele acumulou uma expertise fundada em experiências atuando no local. Participou em quatro missões marcadas por situações difíceis e negociações delicadas, como embaixador na Mauritânia (de 1991 a 1994), no Sudão (durante mais de cinco anos) e no Zimbabwe (três anos). Igualmente, conhece profundamente o Brasil, onde atuou em dois períodos, de 1967 a 1968, e de 1988 a 1991, como ministro-conselheiro da Embaixada da França em Brasília. Aposentado desde outubro de 2006, ele desenvolve atividades de professor e conferencista, notadamente em benefício do Centro de Estudos Diplomáticos e Estratégicos (CEDS). É condecorado como Oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra.

Tradução de Andreia Duavy para Resistência - Fonte: Afrique-Asie

Chefe da delegação Síria em Genebra: “Erdogan está brincando com fogo”


O Conselho da Paz dos Estados Unidos (USPC), membro do Conselho Mundial da Paz, entrevistou Bashar Ja’afari, representante permanente da Síria nas Nações Unidas, em 19 de fevereiro, pouco antes do acordo para o cessar-fogo no país árabe, de 23 de fevereiro. Ja’afari é também o chefe da delegação síria nas negociações denominadas “Genebra 3”, que em 27 de fevereiro inauguraram o cessar-fogo com perspectivas de compromisso pelo combate ao terrorismo e a unidade nacional em torno da reconstrução da Síria. Leia a entrevista a seguir, que aconteceu em Nova York.

BA. (USPC): Com sinceros agradecimentos por nos permitir ter essa entrevista com você, apesar de sua agenda extremamente atribulada, por favor comece por dar-nos uma visão global do estado das coisas no que diz respeito à crise síria hoje.

Dr. Ja’afari: Deixe-me informá-lo tão simples quanto possível. Se houver um ponto de viragem na situação agora, será o seguinte: Os inimigos da Síria passaram da fase I à Fase II. A Fase I foi de algum modo limitada a uma guerra por procuração na Síria. A Fase II é definitivamente uma guerra direta. E é assim que podemos interpretar ameaças do governo turco de envolvimento militar direto dentro da Síria. Os sauditas, é claro, devem ser tidos em conta na mesma linha. A Jordânia nunca parou de enviar terroristas a partir do sul. Os israelenses estão profundamente envolvidos por lidar com a Frente Al-Nusrah e tratar os seus homens feridos nos hospitais israelenses, como você sabe. Assim, se não houver nada de novo agora, estariam se movendo a partir da Fase I à Fase II, da guerra por procuração para a guerra e envolvimento militar direto nos assuntos internos da Síria.

A delegação russa (na ONU) pediu esta manhã consultas urgentes no Conselho (de Segurança) para discutir as ameaças turcas de envio de tropas turcas à Síria. A reunião acontece esta tarde. Essa seria a segunda reunião convocada pelos russos entre os membros do Conselho de Segurança no prazo de 48 horas. Ontem eles convocaram uma reunião e hoje eles chamam para outra reunião. Moscou está definitivamente muito ciente da interferência militar e ameaças turcas porque os russos, como se sabe, estão monitorando a situação muito de perto, com as nossas próprias forças aéreas.

A questão principal seria por que os turcos e os sauditas estão fazendo isso. É claro que o Catar está se escondendo no meio. Os jordanianos estão fazendo o seu negócio sujo como sempre, mas em silêncio. Então, nós falamos sobre os mesmos grupos, mas que desta vez estão fazendo as coisas descaradamente. A resposta é: eles ficaram histéricos após os graves avanços militares de nosso exército, porque conseguimos limpar a cidade de Aleppo e chegar à fronteira turca. Nosso Exército libertou, esta manhã, o último foco de terroristas na fronteira sírio-turca, na governadoria de Latakia. E agora estamos limpando a fronteira sírio-turca na governadoria de Idlib, que é o centro dos terroristas internacionais reunidos pelo regime turco na fronteira sírio-turca. Aleppo será liberada muito em breve. O mesmo no sul: Muitas ofensivas terroristas no sul falharam. Nosso exército tem a vantagem no sul, junto à fronteira com a Jordânia, bem como na área de separação na zona ocupada de Golã, da Síria, e Israel.

Então, estão ficando histéricos porque temos conseguido sérios avanços militares no terreno, com a ajuda de nossos aliados, os russos, iranianos, e as forças de resistência, isto é, o Hezbollah, e outras forças nacionais no terreno. Encurralado por esses avanços militares no terreno, o governo turco e o governo saudita reagiram de forma muito agressiva, tentando levar a situação a um grau mais elevado, de modo que seus aliados – os estadunidenses, os britânicos, os franceses – seriam obrigados a acomodar suas preocupações. Mas eles falharam porque mesmo os Estados Unidos, mesmo a Grã-Bretanha, mesmo a Alemanha e até mesmo a França pediram que os turcos não agravem (a confrontação) e não bombardeiem os curdos sírios junto à fronteira.

De alguma forma a políticas equivocadas dos sauditas e dos turcos relativas à Síria levaram a um impasse, a um nó, no terreno, do lado dos terroristas, quero dizer. Parece que as intenções reais de Riad, Ancara e Amã, assim como de Israel, é sabotar e minar as chances de sucesso em Genebra no âmbito daquilo que chamamos as conversações indiretas sírias, conhecidas como Genebra III. Os sauditas não foram entusiastas e ainda não são entusiastas de qualquer solução política para a crise síria. Eles ainda estão favorecendo a opção de enviar torrentes de terroristas para a Síria através do território turco. Os turcos, é claro, estão encarregados dos assuntos logísticos e de formação desses mesmos terroristas; o Catar está pagando a conta, também, e está cobrindo todo o cenário através da emissora Al-Jazira e seus canais afiliados. É uma guerra aberta no momento. Não há mais desculpas para dizerem que eles não sabem o que está acontecendo – todos sabem o que está acontecendo.

Mesmo muitos relatórios do Conselho de Segurança afirmaram que existem milhares de mercenários estrangeiros operando na Síria. Sabemos até mesmo suas nacionalidades. Nós fornecemos às subcomissões do Conselho de Segurança que lidam com o combate ao terrorismo registros e fotos desses estrangeiros – nomes, nacionalidades, todos os detalhes, milhares de nomes e fotos. Claro que aqui estamos falando daqueles que foram mortos pelo Exército sírio. Os nomes são limitados apenas àqueles que estão operando dentro do território sírio. Mas há ainda outros milhares que operam na Síria e no Iraque.

É por isso que todo mundo está encurralado atualmente, porque o jogo acabou. Sem mais mentiras ou propaganda, pode acontecer. Mesmo a CNN e outros meios de comunicação estadunidenses e europeus falam sobre o que está acontecendo na Síria. Temos recebido em Damasco muitas delegações parlamentares franceses, todas criticando as políticas equivocadas do governo francês em relação à Síria. Recebemos quase semanalmente delegações turcas, vindo de Ancara e Istambul, criticando as políticas do governo Erdogan. Enquanto eles estão na Síria, em Damasco mesmo, eles aparecem na TV síria e criticam as políticas turcas equivocadas.


Então, estamos em um ponto de viragem no momento. Ou vamos para a armadilha da escalada procurada pelos sauditas, israelenses e os turcos, ou vamos pela solução política no quadro de Genebra. Mas para este acordo político, é preciso cumprir primeiro os pré-requisitos de Viena II e a Resolução do Conselho de Segurança 2254, que diz que De Mistura (enviado especial da ONU para a crise síria) deve elaborar duas listas: de quem é terrorista e quem é oposição. Se ele não cumprir esta missão sagrada, nada iria deslanchar. Nada iria deslanchar porque as pessoas estão buscando misturar as cartas e pescar em águas turvas, como se diz, de modo que ninguém sabe quem é terrorista e quem é oposição.

Como conciliar estas negociações, por um lado, e as tentativas militares turcas e sauditas intensificadas para intervir na Síria, por outro lado? Parece que há muito eles pensavam ter a vantagem na guerra, estavam dispostos a entrar em negociações, mas agora que o Exército sírio está tendo a vantagem na guerra, eles estão mudando para o que você chamou de Fase II . Será que eles ainda estão dispostos a negociar sob essas condições transformadas?

Não, não. Como eu disse no início, a escalada turco-saudita deve-se principalmente ao fato de que eles estão histéricos. O Exército sírio alcançou vitórias em todas as frentes, junto à fronteira turco-síria, bem como a fronteira sírio-jordaniana e a fronteira sírio-israelense. Este tipo de escalada tem apenas uma justificação: principalmente o fracasso da política turca, fracasso da política saudita e o fracasso da política jordaniana. Mas estes três países vizinhos da Síria não teriam tido a coragem de assumir essa escalada ao nível mais alto se Washington lhes tivesse dito para não fazê-lo.

Então, o mestre do jogo é Washington. Washington deve dizer a esses aliados que já basta. Que brincar com o sangue sírio e cometer este derramamento de sangue na Síria chegou a um grau intolerável e deve parar. Precisamos nos engajar em uma solução política, mas para nos engajarmos nesse acordo político precisa-se de parceiros credíveis. Não é preciso lidar com elementos traiçoeiros, agentes e espiões. É preciso alcançar um acordo político com a oposição nacional – pessoas que se importam com resgatar o seu país dos mercenários e terroristas vindos de todo o mundo com a ajuda do dinheiro dos Estados do Golfo e da logística dos turcos. É por isso que eu disse que estamos em um ponto de inflexão: ou vamos para uma solução política ou vamos para escalada militar.

Por que a Arábia Saudita insiste tanto em um confronto com a Síria?

Devemos também lançar alguma luz sobre as razões que motivaram os sauditas a abrir a caixa de Pandora, o que significa ameaçar enviar tropas para a Síria. Os sauditas fracassaram no Iêmen catastroficamente, como você sabe. Hoje, as forças iemenitas têm centenas de prisioneiros sauditas. Doze oficiais de alto nível sauditas dos quartéis-generais assinaram uma carta conjunta ao príncipe pedindo-lhe para não entrar em qualquer outra desventura militar na Síria, porque eles são incapazes de continuar sua agressão contra o Iêmen. Quando os sauditas afirmam erroneamente que gostariam de enviar tropas para a Síria, acho que eles são loucos ou meros sonhadores, ou eles são políticos amadores. Mas em todo casos este vai ser outro escândalo a ser somado ao escândalo do Iêmen e ao escândalo iraquiano. Os sauditas têm falhado em todas as frentes – Iêmen, Síria, Iraque, Palestina – e agora perderam a confiança de todos, exatamente como Erdogan.

É por isso que os sauditas estão agora tentando reunir outra onda de mercenários internacionais – e chamam-lhes a “Aliança Islâmica”, que não é islâmica nem é uma aliança, mas uma continuação da recolha de lixo de todo o mundo que chamam de “forças islâmicas”. Na verdade, os sauditas nunca pararam de enviar terroristas à Síria sob esse rótulo de grupos “islâmicos”. Portanto, não há novidade a este respeito, a não ser que o nível de loucura dos sauditas atingiu um alto grau de irresponsabilidade.

O regime saudita parou de pagar salários aos médicos na Arábia Saudita. Oficiais de alto nível, como eu disse, são energicamente contra qualquer desventura militar após o fracasso no Iêmen. Eles têm enormes problemas domésticos na parte oriental da Arábia Saudita, bem como em outros lugares. Como você sabe, o preço do petróleo caiu para um nível baixíssimo. Os sauditas estão quase em falência no momento. Estão enfrentando enormes desafios, econômica, política e socialmente, por causa da violação dos direitos humanos, como você sabe, e a execução do Sheikh Nimr Baqir al-Nimr, etc., etc. Estão somando fracasso após fracasso e ainda são teimosos, insistem em cometer os mesmos erros, vez após outra. Mas desta vez, como o jornal britânico The Independent colocou ontem, a Arábia Saudita vai ser desintegrada em breve.

Voltando para negociações reais, sabemos que foram postergadas desde o início. Quais são os obstáculos para este processo nesta fase? O que está impedindo as negociações de realmente irem pra frente?

Em primeiro lugar, não se trata de negociação. Trata-se de discussões indiretas, conversações indiretas. Essa foi a opção escolhida pelo próprio De Mistura, o enviado especial. Ele queria que fosse assim, e nós concordamos. Este é o número um: não se trata de negociação; trata-se de conversações indiretas.

Em segundo lugar: tudo foi muito mal organizado em Genebra III. Quando fomos para lá, nos engajamos imediatamente após a nossa chegada em Genebra. Duas horas após o desembarque no aeroporto de Genebra, fomos ao nosso encontro com De Mistura no Palais de Nations, que é sede das Nações Unidas. Mas a outra delegação, que é o chamado grupo de Riad, não chegou até quatro dias depois. E quando eles chegaram, não foram até De Mistura. Ele foi até eles no hotel.

Além da suposta delegação do grupo de Riad, cujos nomes foram encaminhados para De Mistura, outro homem veio de Riad com 102 outras pessoas a bordo de uma companhia aérea saudita. Eles nem sequer observaram ou respeitaram o quadro – a forma, esqueça a substância – dessas conversações indiretas. Então, as coisas não decolaram porque a organização foi muito ruim. O enviado especial não tratou todos em pé de igualdade, em acordo com as disposições da resolução 2254 e a Declaração de Viena. Ele mimou o grupo de Riad em detrimento de outras delegações. Ele não se classificava, como os outros, como delegações. Ele considerou a delegação de mulheres como conselheiras para ele. Considerou a delegação da sociedade civil como conselheiros. Não lidou com a oposição interna nacional vinda de Damasco. Não lidou com o grupo de Moscou e o grupo de Cairo em pé de igualdade com o grupo de Riad. Então, ele cometeu muitos erros e estava sob enorme pressão de Washington, dos sauditas, dos turcos e dos franceses. É por isso que as coisas não decolaram, porque não havia combustível para esse míssil de conversações indiretas em Genebra III decolar.

Estivemos com ele duas vezes, falando oficialmente. Sentei-me com ele duas vezes em reuniões oficiais, com a minha delegação, claro. Ele reconheceu isso e disse que o governo sírio foi disciplinado, organizado, etc., etc. Assim, ele elogiou a nossa participação. Mas, uma e outra vez, ele veio a Genebra, convidou os terroristas para vir a Genebra, o homem da Jaysh al-Islam (Exército do Islã), que veio de Riad com o grupo de Riad. É uma organização terrorista, mas ele ainda insistiu em convidar esses terroristas. Ele convidou outro terrorista do Ahrar al-Sham (Harakat Ahrar ash-Sham al-Islamiyya, “Movimento Islâmico dos Homens Livres do Levante”), também, que trabalha para os turcos. Havia muitos escândalos e todos esses escândalos levaram a este impasse e encruzilhada. Então as coisas não decolaram e não tivemos quaisquer discussões formais. Como ele as chamava, as conversações exploratórias – eu as chamei conversações preparatórias – para Genebra III não começaram em Genebra.

Qual é a chave para abrir esse bloqueio? Quem tem a chave?

De Mistura tem a chave. Washington tem a chave. Os britânicos, os franceses, os russos, todo mundo tem a chave, porque eles devem elaborar a lista de quem é terrorista e quem é oposição. Isso é a chave de qualquer sucesso.

Você acha que haverá qualquer acordo sobre isso?

Eu espero, eu espero. Acho que lá (De Mistura) entendeu esse ponto. Ele compreendeu que, sem identificar quem é terrorista e quem é oposição, as coisas não podem decolar. Espero que ele tenha entendido.

Então, como você vê o futuro a partir daqui?

Não sabemos ainda. Como eu lhe disse, se o regime turco insistir em enviar tropas para a Síria, isso significaria uma enorme escalada na área, que provocaria não só uma guerra regional, mas uma guerra internacional – uma guerra mundial, infelizmente.

Erdogan está brincando com fogo, com todo mundo. Seu primeiro-ministro criou e inventou essa política errada chamada “política problema zero” com os vizinhos da Turquia. Agora, ele acabou tendo uma “política de completo problema” com todos os vizinhos da Turquia. Ele também tem péssimo relacionamento com seu melhor aliado, Washington, com os europeus – França, Grã-Bretanha, Alemanha, Chipre, Armênia, Irã, Iraque, com a Síria e quem mais? Bulgária. Nenhum vizinho da Turquia tem uma relação normal com Ancara. Então, Erdogan não pode estar certo e todo mundo errado.

O regime turco chegou a chantagear os europeus com este fenômeno chamado de “refugiados sírios”, por exemplo. Ele deixou os fluxos dos chamados imigrantes invadirem a Europa, a fim de chantagear os europeus: ou vocês me permitem estabelecer esta zona de exclusão aérea na parte norte da Síria, ou eu vou inundá-lo com os refugiados – não apenas da Síria, porque sírios são apenas 20 por cento daqueles que foram para a Alemanha, mas de todo o mundo: afegãos, eritreus, sudaneses, todo mundo afirma que é sírio hoje em dia. Todos são recolhidos pelos turcos na Turquia e enviados para a Europa como refugiados sírios.

A política turca fracassou. A chantagem acabou. Agora, eles estão escalando (a tensão), militarmente falando e devem assumir a responsabilidade pelas consequências de seu ato. Mas seus melhores aliados devem detê-los. Se queremos salvar, manter e resgatar a paz em todo o mundo, a pressão – pressão séria – deve ser exercida sobre Erdogan e seu primeiro-ministro.

Mas a Turquia é um Estado membro da OTAN. O que essas potências ocidentais estão fazendo agora? Qual é o seu papel neste processo? Sauditas e turcos não podem realmente estar agindo tão independentes.

Graças a Deus a OTAN não engoliu as políticas turcas relativas à Síria. A OTAN até mesmo negou qualquer assistência ao Erdogan. A Alemanha retirou os mísseis da fronteira sírio-turca. A OTAN não está feliz com os malfeitos de Erdogan na área. E este é um bom sinal. Mas, ainda assim, as coisas podem não ser limitadas e restritas a esta pressão política. Washington e os europeus devem dizer a Erdogan que já basta. Ele está ameaçando desencadear uma terceira guerra mundial.

O que as pessoas nos países ocidentais, especialmente nos Estados Unidos e na Europa, podem fazer para pressionar por uma solução política para a crise síria e evitar mais uma a guerra, desta vez mais devastadora?

Os estadunidenses e europeus devem cuidar do seu próprio interesse. Se os turcos entrarem na Síria, um confronto militar turco-russo vai entrar em erupção imediatamente. Um confronto militar sírio-turco vai entrar em erupção imediatamente. Os iranianos não ficariam em silêncio. Você verá que o Egito não vai permanecer em silêncio. Iraque não vai ficar quieto. Vai ser um grande problema para todos. Então, a questão principal: É do interesse de todos não interferir? Não exercer pressão sobre os sauditas e os turcos a este respeito? É do interesse dos EUA provocar uma terceira guerra mundial com a Rússia agora? Acho que não.

Muito obrigado Dr. Ja’afari.

Fonte: Cebrapaz - Tradução: Moara Crivelente

"Super terça": Bernie Sanders levanta US$6 milhões em um dia


Bernie Sanders, pré-candidato democrata à presidência dos EUA, levantou mais de US$ 6 milhões em um único dia após ter pedido aos eleitores que doassem US$ 4 milhões até o final do dia 29 de fevereiro, a fim de ter mais chances contra a sua principal rival, Hillary Clinton, nas prévias da chamada “Super terça” que estão em andamento nesta terça-veira (1º/3) nos Estados Unidos.

Segundo informou a campanha de Sanders em um comunicado, o candidato recebeu doações de quase 1,5 milhão de norte-americanos no mês passado.

"Levantada por mais de 1,4 milhões de contribuições na média de US$ 30 cada, a campanha presidencial de Bernie Sanders anunciou nesta terça-feira que arrecadou mais de US$ 42 milhões no mês de fevereiro. O total é o máximo levantado em um único mês por qualquer candidato concorrendo à presidência em 2016", disse o comunicado.

A nota afirma ainda que "Sanders arrecadou mais de US$ 6 milhões apenas no último dia do mês de fevereiro (29), quase igualando a quantia levantada nas 24 horas após uma vitória de 22 pontos nas primárias de New Hampshire".

A favorita para ganhar as prévias do Partido Democrata, Hillary Clinton, já arrecadou cerca de US$ 188 milhões até agora — o dobro do que Sanders conseguiu, de acordo com a Comissão Eleitoral Federal dos EUA.

Nesta Super Terça, os delegados dos partidos Democrata e Republicano de 12 estados norte-americanos e da Samoa Americana (território dos EUA na Polinésia) votam em seus candidatos no dia mais importante das primárias presidenciais.

Sanders tem se destacado no cenário político norte-americano por sua agenda democrática e pelo fato de não aceitar doações empresariais em sua campanha, a fim de manter sua independência em relação aos grandes lobbies e corporações dos EUA.

Cerca de 8,5 milhões de estadunidenses no exterior podem votar nesta super terça, somente no campo dos democratas, o que deve facilitar a campanha de Hillary, segundo analistas.

Segundo algumas projeções nos meios de comunicação locais, Hillary lidera no Alabama, no estado de Arcansas, no sul, que foi governado por seu marido, o ex-presidente Bill Clinton. Hillary lidera também no Colorado, Geórgia, Minnesota, Oklahoma, Tennessee, Texas e Virgínia.

Sanders é dado como vitorioso em Vermont, onde é senador, e disputa voto a voto com Hillary o Estado de Massachusetts, no nordeste do país.

Do lado republicano, Donald Trump deve vencer no Alabama, no sul, na Geórgia, Massachusetts, Tennessee, Vermont e Virgínia.

No entanto, Trump tem uma luta renhida no estado do Alasca, em Minnesota e em Oklahoma, frente aos seus colegas de partido, Ted Cruz e Marco Rubio. No Texas, Ted Cruz lidera a eleição, assim como no Arkansas.

Mesmo assim, globalmente, os favoritos continuam a ser Donald Trump do lado republicano e Hillary Clinton do lado democrata.

Do Portal Vermelho, com agências

Venezuela e China fazem acordo de cooperação econômica


O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, declarou que os acordos de cooperação assinados com a China fortalecem a cooperação bilateral.

"Foi exitosa a jornada da Comissão Mista China-Venezuela, avançando na Agenda Econômica Bolivariana", disse o chefe de Estado em sua conta oficial no Twitter.

A delegação venezuelana, formada pelo vice-presidente de Planificação e Conhecimento, Ricardo Menéndez; o ministro de Petróleo e Mineração, Eulogio Del Pino; e o secretário da comissão China-Venezuela, Simón Zerpa, viajaram ao gigante asiático para reforçar as relações na área produtiva.

Durante as reuniões mantidas na segunda-feira com o presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, ministro Xu Shaoshi, e com o vice-presidente da mesma instância, Ning Jizhe, foram propostas alianças nas áreas farmacêutica, industrial, petroquímica, combustíveis, mineração, florestal e turismo.

“Analisamos um esquema no qual a parte chinesa vai investir no desenvolvimento dessas áreas na Venezuela, tema sumamente importante para consolidar a união entre os dois países e a participação direta em setores como o Arco Mineiro e a Faixa Petrolífera do Orinoco”, disse Menéndez.

Os ministros venezuelanos se reuniram nesta terça-feira (1º) com membros do Banco de Desenvolvimento, e nesta quarta-feira (2) participam em um fórum em que farão uma exposição sobre a Agenda Econômica a 50 empresas chinesas.

A Agenda Econômica, em que participam empresas públicas e privadas, compreende o desenvolvimento de 14 forças motrizes que abarcam as áreas agroalimentar, farmacêutica, industrial, novas exportações para a geração de divisas, economia comunal, combustíveis, petroquímica, mineração, turismo nacional e internacional, construção, florestal, militar industrial, telecomunicações e informática e bancos públicos e privados.

Blog da Resistência

Petróleo em queda leva empresas dos EUA à falência


Segundo estudo, se o petróleo continuar cotado na faixa dos US$ 30 o barril, pelo menos 150 companhias poderão quebrar

no Estadão

No 15.º andar de um edifício de escritórios em Midland, no Texas, há um troféu de 1,6 metro de altura, um urso preto, morto pelo filho de um executivo da Caza Oil & Gas. Mas foi a Caza que recentemente caiu presa de um tipo diferente de predador que persegue as companhias de petróleo: o excesso de dívidas.

Embora os preços do petróleo bruto tenham caído mais de 70% nos últimos 20 meses, a vasta indústria petrolífera dos Estados Unidos começa agora a fazer os seus cálculos. Até pouco tempo atrás, as companhias conseguiam driblar a crise usando operações de hedge (proteção) para vender o seu óleo por preços superiores aos do mercado, em queda livre.

Entretanto, nos últimos meses, a maioria dessas operações expirou, deixando várias petrolíferas com o caixa baixo e sem conseguir pagar suas dívidas. Em termos mais gerais, os executivos do setor de energia e as suas instituições de crédito começam a perceber que uma recuperação dos preços do petróleo demorará pelo menos um ano, tempo demais para muitas companhias se aguentarem.

Os executivos e seus banqueiros estão às voltas com uma crise prolongada que poderá modificar a estrutura do setor energético de uma maneira que não era vista desde que o tumulto do final dos anos 90 gerou megafusões, como a Exxon Mobil.

Se os preços se mantiverem nesses patamares – na terça-feira, o petróleo foi negociado a US$ 28 o barril – nada menos que 150 companhias de petróleo e gás poderão quebrar, segundo a IHS, empresa de pesquisa da área de energia.

Embora isso represente uma fatia relativamente pequena da indústria como um todo, há centenas de outras companhias que se apoiaram numa montanha de dívidas para se transformarem de minúsculas startups em participantes significativas do boom do óleo de xisto da nação. Agora, nada menos de um terço do setor petrolífero poderá se consolidar como resultado da crise, de acordo com uma estimativa.

“Hoje, nossa meta é sobreviver”, disse Danny Campbell, presidente do conselho da Permian Basin Petroleum Association, ao iniciar seu discurso de boas vindas num jantar para executivos do petróleo no mês passado. “Mantenham seu nome no catálogo telefônico e seu endividamento reduzido.”

Hoje, não há praticamente poços lucrativos para perfurar nos EUA. Isso fez com que algumas companhias entrassem numa espiral mortal, produzindo petróleo simplesmente para saciar seus credores. Outras estão ficando desesperadas. No final de dezembro, a Caza praticamente se vendeu a uma empresa de investimentos de Nova York, para pagar os credores.

Ciclo. Os investidores estão no limite. A notícia de que a Chesapeake Energy, uma grande empresa do setor de óleo e gás, contratou advogados para ajudar na reestruturação de sua dívida de mais de US$ 10 bilhões derrubou as ações da companhia na segunda-feira, e ela teve de ir a público negar que estivesse se preparando para a bancarrota.

A indústria do petróleo atravessa regularmente períodos de altos e baixos. Mas o abalo do atual ciclo pode ser mais extremo, por conta do dinheiro fácil que inundou a indústria, vindo dos fundos de hedge e de private equity e de estruturas de investimento com vantagem fiscal. “A indústria será permanentemente danificada”, disse Steven H. Pruett, presidente da Elevation Resources, empresa de petróle de Midland.

A Energy & Exploration Partners of Fort Worth, por exemplo, pegou financiamentos com pelo menos 24 fundos de hedge para ajudar na compra de milhares de hectares de terra no Texas, quando o petróleo estava a US$ 100 o barril. Em dezembro, a empresa acabou tendo de pedir falência.

Ao não depor, Lula mostra que é hora de reagir


Paulo Moreira Leite - Brasil 247

Ao recusar-se a comparecer para prestar depoimento ao Ministério Público, Luiz Inácio Lula da Silva tomou uma decisão exemplar de resistência contra abusos cometidos pela Lava Jato. É um gesto excepcional numa situação de exceção escancarada.

Não custa lembrar que há uma semana, julgando um pedido da defesa para que o procurador Cassio Conserino fosse afastado das investigações sobre Lula, o Conselho Nacional do Ministério Público tomou uma decisão com base na melhor jurisprudência de Pôncio Pilatos. Reconheceu que a escolha de Conserino não atendera os preceitos elementares da boa Justiça, que envolvem a escolha procurador natural – termo empregado para definir a opção mais neutra possível.

O Conselho definiu que o Ministério Público de São Paulo deve cuidar para que esses critérios sejam obedecidos – obrigatoriamente -- em todo caso a ser investigado. Mas abriu uma exceção para que uma decisão baseada em bons princípios democráticos ficasse limitada ao plano da teoria. Na mesma resolução, decidiu-se que a regra só deveria valer para casos novos. Assim, na mais relevante – do ponto de vista político – investigação do Ministério Público de São Paulo, imperam regras que o Conselho Nacional considera erradas. Não é apenas absurdo, pois equivale a legalizar um erro admitido e reconhecido por todas as partes, num texto aprovado por unanimidade. Também permite um tratamento de exceção quando a Constituição garante que todos são iguais perante a lei.

A atitude de Lula coloca o debate sobre a Lava Jato no plano adequado. Há muito tempo se pode demonstrar que a operação deixou de ser uma investigação necessária contra denúncias de corrupção na Petrobras. Tornou-se uma ação de caráter político e seletivo, destinada a perseguir e lideranças ligadas ao Partido dos Trabalhadores e aos governos Lula-Dilma e seus aliados, inclusive grandes empresários que participaram de um projeto que permitiu o crescimento interno, ampliou investimentos produtivos e estimulou a criação de um mercado de massas.

Ao demonstrar a disposição de resistir a uma situação de abuso, Lula está enviando uma mensagem clara ao país. Fala de injustiça numa linguagem que o cidadão comum pode entender. Todo mundo é favorável ao cumprimento da lei, mas ninguém, em especial os mais pobres, deixa de reconhecer uma situação de perseguição e a injustiça, em particular contra aqueles que se mobilizaram na defesa dos mais fracos.

O destino do publicitário João Santana, em Curitiba, realizada depois que ele fez sucessivos pedidos -- voluntários -- de prestar esclarecimentos ao juiz Sérgio Moro, e mesmo assim foi preso sem que sua culpa tenha sido formada, mostra com clareza solar o ambiente político em que o país se encontra.

O que se pretende é usar a prisão como forma de coerção psicológica para obrigar pessoas suspeitas a se autoincriminar e delatar contra a própria vontade, o que a Lei não permite. As prisões podem ser legais. Sua finalidade não é.

O estudo das grandes tragédias políticas deixa uma lição comum: os abusos, a violência e os ataques as liberdades públicas e direitos individuais sempre serão mais intensos, mais graves, e mais duradouros, quanto menor for a resistência oposta a eles.

Já a vergonha das novas gerações costuma crescer na exata proporção em que se verifica a omissão daqueles que tinham a responsabilidade de reagir.

Até hoje se discute se os líderes do governo Goulart deveriam ter reagido, ou não, ao golpe de 1964.

Não há dúvida de que o silêncio das vítimas do terror de Josef Stalin, na década de 1930, foi de grande valia para a consolidação de uma ditadura na antiga União Soviética, que chegou a enviar dissidentes para campos de concentração e também interná-los em campos psiquiátricos.

Sem abandonar, por um minuto, a condenação do nazismo, estudiosos do século XX ponderam se as lideranças judaicas poderiam ter sido mais atuantes na atuação contra Adolf Hitler.

As imensas diferenças entre estes casos e a atual situação brasileira são evidentes. Não precisam ser mencionadas. Fica o ensinamento básico de que o silêncio só favorece o opressor.

Essa é a importância da reação de Lula.

Jornalistas atacados na Síria agradecem a Rússia pelo resgate


Os jornalistas que ficaram sob fogo de artilharia em Latakia nesta terça-feira (1) sobreviveram graças ao profissionalismo dos oficiais russos, disse a repórter Cristina Guiliano, da agência de notícias italiana Askanews.

Ninguém foi morto no incidente, quatro jornalistas ficaram feridos. Eles receberam assistência médica logo após o bombardeio.

"É óbvio que o incidente foi uma surpresa para mim e para os outros jornalistas. Mas, na verdade, fiquei surpresa com a reação rápida dos militares. Algumas pessoas ficaram feridas, mas poderia ter sido muito pior", disse Guiliano, que testemunhou o bombardeio.

Ela acrescentou que os ferimentos foram causados por pânico quando os jornalistas foram atacados.

"Nós ficámos feridos apenas porque não estávamos vestidos de maneira própria. Estava quente, e os nossos braços e pernas não estavam protegidos. Eu não fiquei ferida. Mas algumas pessoas caíram no chão, outros estavam rastejando, e eles ficaram feridos", explicou ela.

Segundo a jornalista, o incidente foi destinado a prejudicar o processo de paz na Síria, que se tornou possível principalmente devido aos esforços russos.

"Quando chegámos a Latakia na noite passada, ficou claro que a situação tinha mudado. Estava tranquilo no aeródromo. A Rússia tem feito progressos e atingiu o cessar-fogo. Mas alguns não estão felizes com isso, especialmente os terroristas", disse Cristina Giuliano.

O repórter grego Thanassis Avgerinos também destacou que os jornalistas só sobreviveram graças aos militares russos no local.
"Os militares salvaram-nos. Depois, os ataques continuaram exatamente no lugar em que tínhamos estado antes. Nós fugimos, enquanto três residentes locais morreram e oito ficaram feridos", disse ele à RIA Novosti.

O bombardeio foi realizado perto da fronteira com a Turquia, a partir da povoação de Dama, perto de Idlib, de acordo com o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia Igor Konashenkov.
De acordo com um oficial da Síria, o bombardeio foi levado a cabo por militantes da Frente al-Nusra.

Este ataque contra jornalistas vem após a cessação das hostilidades que entrou em vigor à meia-noite de 27 de fevereiro. Em 20 de fevereiro de 2016, a Rússia e os EUA chegaram a acordo sobre um cessar-fogo na Síria. Este instrumento cessa oficialmente as hostilidades entre as forças governamentais e oposicionistas na Síria com o objetivo de aumentar a eficiência do combate aos grupos terroristas que ocupam várias áreas nesse país.

Sputniknews

Al-Asad atribuye la lucha de su Ejército a la independencia de Siria


El Ejército sirio lucha por la independencia del país ante los complots de EE.UU. y sus aliados árabes, asegura el presidente de Siria, Bashar al-Asad.

“Nuestra guerra es por la independencia de nuestro país, ya que (…) Occidente, Arabia Saudí y Catar, quieren derrocar al Gobierno”, aseveró el mandatario sirio en una entrevista concedida el martes a la cadena alemana ARD.

El dignatario sirio sostuvo que con tales complots Occidente y sus aliados regionales buscan destruir el “Estado” sirio y hacer de Siria un país con división religiosa.

Por otro lado, denunció el embargo impuesto por los países occidentales sobre Damasco, lo que, aseguró, agudiza la crisis y la catástrofe humanitaria que sufre el pueblo sirio.

“La catástrofe y la devastación (…) no son obra solo de los terroristas que matan y destruyen, sino resultado también del embargo que Occidente impuso contra Siria y que afecta a todos los ciudadanos del país sin excepción”, subrayó.

Al-Asad también renovó sus acusaciones contra “Turquía, Catar y Arabia Saudí”, de apoyar a los “terroristas”, urgiéndoles finalizar el suministro de armas y otro tipo de asistencia que los radicales reciben en Siria.

Según Al-Asad, esta “pesadilla en Siria” podría llegar a su punto final una vez que todos los países cumplan con sus compromisos.

En otro momento de sus declaraciones, el jefe del Estado sirio se refirió a la intervención militar rusa en Siria o apoyo de los “amigos” de Damasco en la lucha contra el terrorismo, señalando que estos aliados saben que el terrorismo no conoce fronteras y el EIIL (Daesh, en árabe) es “una muestra de ello”.

Desde la primera hora del sábado, en Siria está vigente un alto el fuego propuesto por Rusia y EE.UU., del que están excluidos los grupos terrorista del EIIL y el Frente Al-Nusra, rama local de Al-Qaeda, si bien el Ministerio de Defensa ruso ha registrado unas 15 violaciones de tregua por los grupos terroristas.

Siria vive desde marzo de 20111 un conflicto, que ya ha dejado más de 270.000 muertos, en su mayoría civiles, de acuerdo con las últimas cifras divulgadas por el opositor Observatorio Sirio para los Derechos Humanos (OSDH).

mjs/ktg/hnb - HispanTv

Video: Terrorista de Daesh graba su propia muerte en Siria


Un video difundido en las redes sociales muestra el momento en el que un terrorista del EIIL (Daesh, en árabe) graba su propia muerte durante choques con las milicias kurdas en el norte de Siria.

En las imágenes, grabadas con una cámara GoPro que llevaba el terrorista, se puede ver en primera persona cómo el terrorista caído y sus compañeros tratan de asaltar un puesto de las milicias kurdas en la provincia norteña de Al-Raqa.

Mirar: http://192.99.219.222:82/hispantv/20160301/terroristnew.mp4

Con la intención de alcanzar una mejor posición, el terrorista avanza precipitadamente abriendo fuego con su fusil, pero, de repente, un golpe seco resuena en el aire y le hace caer al suelo.

mpv/anz/rba - HispanTv

Correa cree que torpeza de Trump favorecería a América Latina


El presidente de Ecuador, Rafael Correa, al abordar las elecciones en EE.UU., calificó el discurso del precandidato presidencial Donald Trump de “torpe” y, por tanto, consideró irónicamente que su triunfo sería “positivo” para América Latina.

"Cuando llega un tipo así (Trump) sería muy malo para Estados Unidos, pero ya América Latina es bastante independiente y, por el mensaje para la tendencia progresista de América Latina, sería muy positivo", indicó durante una entrevista con la Asociación Ecuatoriana de Radiodifusión, desde la ciudad costera de Guayaquil.

Siguiendo su tono bromista, el mandatario advirtió de que "lo que más le convendría a América Latina es que gane Trump, porque es tan torpe su discurso, tan básico, que despertaría una reacción" en la región como lo hizo George W. Bush, que gobernó Estados Unidos desde 2001 a 2009.

De acuerdo con Correa, antes de Bush la única figura "progresista" que triunfó en las urnas fue el fallecido comandante venezolano Hugo Chávez, pero dada la "torpeza de Bush, su primitivismo, su tan elemental nivel, sus políticas tan burdas", América Latina reaccionó y ese despertar fue un factor muy importante para el surgimiento de los gobiernos progresistas que hoy existen en la región.

En otra parte de la entrevista, el jefe de Estado se confesó un "admirador" de la candidata demócrata Hillary Clinton pero no tuvo menos elogios para el aspirante demócrata Bernie Sanders.

Respecto a Clinton, precisó que "en cuanto a cuestiones objetivas, reales, de beneficio para Estados Unidos, para la paz mundial, obviamente una persona como Hillary Clinton es muy superior, admiro mucho a Hillary Clinton".

En cuanto a Sanders, resaltó que "tiene 74 años y tiene el apoyo de los jóvenes. ¿Por qué? Porque es iconoclasta, está contra Wall Street, contra las grandes trasnacionales, está diciendo lo que la gente quiere escuchar".

Un sondeo realizado el martes por la cadena británica CNN muestra que Trump tiene el apoyo para lograr la nominación presidencial republicana de casi la mitad (49 por ciento) de los votantes registrados y de los que se definen como independientes de tendencia conservadora, sin embargo, este candidato se ha ganado el rechazo de amplios sectores de la población por sus polémicas propuestas, entre ellas negar la entrada al país a los musulmanes de forma "total y completa", construir un muro que separe a México de Estados Unidos, insultar usando una retórica antinmigrante.

Trump y Clinton se perfilan como favoritos en las primarias estadounidenses para hacerse con la nominación de sus respectivos partidos en las elecciones que se celebrarán en noviembre próximo.

ncl/ktg/hnb - HispanTv

Agresión a la vista: EE.UU. ensayará un "bombardeo nuclear" cerca de la frontera rusa


Con el uso de los aviones de combate de esta clase en sus maniobras conjuntas Washington quiere demostrar su apoyo a los aliados de la OTAN.

Los bombarderos estratégicos estadounidenses B-52 ensayarán ataques nucleares contra objetivos en tierra como parte de las maniobras Cold Response de la OTAN, que se están celebrando en Noruega, informa la agencia Interfax.

a mañana del 1 de marzo, tres cazas partieron para una misión desde la base aérea española de Morón, a la que fueron transferidos desde la parte continental de EE.UU. Las actividades de los bombarderos serán observadas por la delegación de los países participantes en las maniobras. Los B-52 realizarán una serie de vuelos desde la base aérea situada en España hasta el lugar donde se desarrollan los ejercicios, en la región de noruega de Trondelag.

El diario 'Air Force Times' señala que la participación de bombarderos de esta clase en las maniobras sirve para que EE.UU. demuestre a sus aliados de la OTAN que los apoyaría ante una supuesta "agresión" de Rusia. Los ejercicios se llevarán a cabo hasta el 9 de marzo.

Por su parte, el primer ministro ruso, Dimitri Medvédev, señaló recientemente que la relación entre Rusia y la OTAN ha entrado de nuevo en una guerra fría. Medvédev pronunció estas palabras durante la Conferencia de Seguridad de Múnich, donde también enfatizó que la línea política de la OTAN hacia Rusia "sigue siendo poco amistosa y cerrada". "Prácticamente todos los días nos tachan de ser 'la más terrible amenaza para la OTAN' en su conjunto, o para Europa en particular, o para América y otros países", declaró. "Hacen películas amedrentadoras en las que Rusia empieza una guerra nuclear. A veces no sé si estamos en 2016 o en 1962", dijo Medvédev.

Actualidad RT

terça-feira, 1 de março de 2016

Cinco años después las predicciones de un hijo de Gaddafi se hacen realidad


Cuando en el año 2011 en Libia estalló la insurrección contra el gobierno de Muammar Gaddafi, su hijo, Seif Al Islam, intervino con detalladas predicciones sobre el futuro político, social y económico del país, acertando casi en todo.

Cuando en febrero del 2011 en el este de Libia estallaron las protestas contra Muammar Gaddafi, cinco días después en la televisión estatal compareció Seif Al Islam Gaddafi, hijo y heredero favorito del entonces gobernante, para explicar a la nación qué estaba pasando, recuerda 'Al-Monitor', portal informativo sobre noticias de Oriente Medio con sede en Washington.

Después de aquel famoso discurso, Seif Al Islam Gaddafi fue acusado por muchos libios, los observadores externos e incluso la Corte Penal Internacional de incitar a la violencia y amenazar a sus compatriotas, a quienes había advertido de las consecuencias.

Muy poca gente prestó atención a las predicciones que hizo Seif Al Islam sobre el futuro de Libia. Sin embargo, ahora, cinco años después, gran parte de lo que predijo el joven hijo de Gaddafi se ha convertido en la triste realidad.

Entre otras cosas, el 'heredero' de Gaddafi predijo a los libios que carecerían de seguridad, se extenderían el caos y el desorden, y todo ello se traduciría en la muerte de muchos libios. Otros augurios suyos fueron la intervención de Estados de Occidente y que el petróleo "dejará de fluir".

También advirtió a los libios contra la división del país y de que varias organizaciones islámicas fanáticas asumirían el control de algunos territorios del país, si no la totalidad de ellos.

Petróleo

Seif Al Islam habló por casi 40 minutos, augurando que los pozos petrolíferos serían quemados y los que quedaran apenas serían utilizables para el país. De hecho, en los primeros nueve meses del 2015, la producción de crudo en Libia constituyó en promedio poco más de 400.000 barriles por día, muy por debajo de los 1,65 millones de barriles diarios que extraía el país en el 2010.

Los depósitos de petróleo que abastecen a ciudades como Trípoli fueron incendiados en julio del 2014, y alrededor de una docena de tanques en las terminales de petróleo de Ras Lanuf, donde se lleva a cabo la mayoría de las exportaciones, fueron incendiados por el Estado Islámico en enero de este año.

El verano pasado, uno de los mayores campos de petróleo al sur de Ras Lanuf fue completamente destruido por otra milicia local.

División del país

Seif Al Islam también predijo que su país podría dividirse de nuevo, como lo estuvo antes de que obtuviera la independencia en 1951. Cinco años después de la insurrección, Libia se aproxima cada vez más hacia aquella remota situación, ya que carece de un gobierno central, un ejército unificado y organismos de seguridad estatal funcionando.

Se podría afirmar con certeza que el joven Gaddafi, sin tener dotes de profeta, predijo un futuro terrible para su pueblo, y cinco años después ese augurio ya es el presente de la nación.

Gaddafi dijo: "Podríamos volver a los días de la pobreza", y sucedió. Pese a la falta de estadísticas oficiales, las observaciones revelan que miles de familias apenas pueden llegar a fin de mes. De acuerdo con la ONU, al menos medio millón de personas han sido desplazadas de sus hogares al interior del país y muchos de ellos viven en campos de refugiados dependiendo de organizaciones benéficas.

Sin duda defendiendo al gobierno de su padre, pero partiendo del simple sentido común, el hijo de Gaddafi no solo predijo lo que sucedería, sino también señaló que Libia no es lo mismo que Túnez y Egipto: Libia, dijo, se compone de "tribus y clanes, que hacen que sea más difícil unirlos si [la sociedad] colapsa".

Actualidad RT

Euskal Herria: Arnaldo Otegi queda en libertad tras permanecer seis años y cuatro meses encarcelado


"Entré como vasco y salgo como vasco, entré como socialista y salgo como socialista, entré como independentista y salgo como independentista”

Arnaldo Otegi ha abandonado esta mañana la prisión de Logroño tras permanecer seis años y cuatro meses en cautiverio y cumplir íntegramente la condena impuesta. El dirigente independentista ha sido recibido por alrededor de 300 personas y gran expetación mediática, entre aplausos y consignas de «euskal presoak etxera» e «independentzia». En su primera intervención, ha abogado por llevar «la apuesta de la paz hasta el final».

En medio de abrazos y homenajes de sus compañeros vascos y catalanes, y de abrazos a sus hijos y al resto de su familia, ha reconocido de forma implícita que asume el liderazgo de los independentistas tal y como se lo reclaman. "El mejor lehendakari, el pueblo", ha dicho. "Ahora nos toca sacar a los presos de la cárcel y la independencia", ha asegurado con el puño en alto.

"Entré como euskaldún y salgo como euskaldún, entré como socialista y salgo como socialista, entré como independentista y salgo como independentista", ha dicho en su primer acto político.
Ya por la tarde, recibirá su particular ongi etorri de recibimiento en su pueblo natal de Elgoibar (Guipúzcoa). Además, el 5 de marzo Otegi volverá al Velódromo de Anoeta, escenario de algunos de sus mítines más célebres en el pasado. El juez de la Audiencia Nacional Eloy Velasco ha ordenado a la Policía Autónoma y a la Delegación de Gobierno en el País Vasco que vigilen su desarrollo para evitar la comisión de delitos de enaltecimiento del terrorismo.

Las elecciones autonómicas vascas están previstas para finales de este año y Otegi es una de las principales opciones con las que cuenta la izquierda abertzale —actualmente inmersa en un proceso de reflexión interno— para frenar el empuje electoral de Podemos. Pero esa posible candidatura a lehendakari puede verse truncada dado que la Audiencia Nacional le impuso 10 años de "inhabilitación especial para el ejercicio del derecho de sufragio pasivo e inhabilitación especial para empleo o cargo público", según el fallo.

Resumen Latinoamericano