terça-feira, 18 de julho de 2017

“Eu não matei 100 índios, matei mais de 1.000”. Serra Catarinense, 1904


A revista História Catarina publica na capa da edição deste mês ampla reportagem sobre a exterminação dos índios no Estado e na Serra Catarinense. Os Bugreiros, como eram chamados os assassinos de índios, foram responsáveis pelo extermínio dos nativos. O mais famoso deles foi Martinho Bugreiro, nascido em Lages em 1869 casou e fixou residência em Bom Retiro. Experiente conhecedor dos hábitos indígenas, era financiado pelo governo que queria avançar a colonização européia no Estado.

O governo provincial certa vez o chamou para prestar esclarecimentos sobre o assassinato de índios sem autorização, e ele respondeu assim: “Por favor, senhores, deve haver algum engano, eu não matei cem índios sem a vossa autorização. Em defesa dos colonos e de suas propriedades eu matei mais de mil índios”, afirmação que garantiu a ele a confiança do governo.

Eles passavam meses embrenhados nas matas, orientando-se apenas pelas estrelas e não perdiam pistas dos índios. Nunca faziam fogo para não deixar marcas, na chuva usavam apenas roupas de couro. Sabiam exatamente a hora de atacar e matavam todos com espada. As crianças eram lançadas para cima e aparadas nas espadas.

Nas lutas, os bugreiros de Martinho perderam apenas dois homens.

Glauco Silvetre
São Joaquim de Fato