sábado, 11 de fevereiro de 2017

A MANSÃO DO DIABO EM KANDAHAR


O texto abaixo é parte do livro Líbia kadafista, de José Gil (Movimento Marcha Verde), a ser lançado no final deste mês em Curitiba.

A mansão do diabo em Kandahar

Três anos antes da guerra de ocupação da Líbia por potências estrangeiras lideradas pelos EUA/Otan, estamos reunidos em um hangar em Trípoli. O corpo diplomático (embaixadores) e os convidados do povo líbio estão reunidos para participar de um evento em Sirte, a capital administrativa do país.

Em uma grande sala, aguardamos a chegada dos aviões que vãos nos transportar até o evento onde Kadafi será o principal orador, festejando mais um aniversário da Revolução Al Fateh.

Uma ampla mesa no centro da sala tem refrigerantes, sucos naturais, água, doces e salgados. Os doces na Líbia são especialmente saborosos, e mais saudáveis porque substituem camadas de margarina (usadas no ocidente) por cremes de tâmara, damasco e outras delícias.

Formamos um pequeno grupo de latino-americanos em volta da mesa, conversando sobre políticas regionais, quando entra na sala o embaixador do Afeganistão. Seu traje de gala, luxuoso, contrasta com o embaixador que o veste, um homem simples, diria até mesmo simplório. Para aqueles que conhecem política internacional sabem que ele é apenas um fantoche do governo de fantoches, montado pelos EUA no Afeganistão para roubar petróleo e gás natural. Ele conversa com outro embaixador enquanto nós, latinos americanos, passamos a falar sobre o Afeganistão, relembrando que no governo de Ronald Reagan os talibãs foram recebidos na Casa Branca, de forma oficial, para tratar de apoio financeiro para combater os russos. Depois, ao assumir o poder e começar a dinamitar estátuas de Buda, se tornaram inimigos dos norte-americanos, não pelas estátuas, para as quais o governo Reagan estava cagando e andando, mas porque era apenas uma desculpa para sensibilizar a opinião pública mundial para que os EUA e seus cúmplices invadissem o país, derrubando os talibãs e todos os grupos e movimentos nacionalistas para se apoderar das riquezas naturais do país.

Hoje, enquanto reviso este texto, fevereiro de 2017, qual a situação do Afeganistão? A mesma, isto é, pior. A presença dos norte-americanos no Afeganistão serviu apenas para que os grupos criminosos – apoiadores e apoiados pelos EUA – retomassem a produção de papoula para a produção do ópio que inunda a Europa. No governo talibã as plantações de papoula foram erradicadas, mas com as tropas dos yanques a plantação e a produção voltaram com força total, havendo casos de aviões militares sendo flagrados levando ópio para os Estados Unidos.


A mansão do diabo, uma delas, entre tantas outras, está localizada nas proximidades da cidade afegã de Kandahar, mais especificamente na base aérea montada pelo governo norte-americano que hoje abriga militares de 40 países.

O governo norte-americano aprendeu que sozinho não consegue ganhar nenhuma guerra, por isso nas últimas décadas – a partir da guerra da Coreia – sempre recorre a seus cúmplices e governos submissos para suas guerras de usurpação. Foi assim no Iraque, Líbia, Síria, entre outros.

Por que a mansão do diabo em Kandahar? Por alguns motivos. O primeiro deles, apenas para relembrar, o aiatolá Komeini dizia em seus discursos quando liderou a derrubada do ditador Xá da Pérsia: “Os EUA são governados pelo diabo”. Afinal, as guerras por petróleo e por domínio político levam fogo e destruição aos povos, isto é, levam o inferno aos pequenos povos e países.

Segundo, como pode ser chamado um local que abriga militares (na maioria psicopatas) de 40 países? E o que fazem esses militares em Kandahar, um local desértico, inóspito e desolador? Eles fazem aquilo que sabem fazer: vigiam uns aos outros, procuram descobrir segredos militares, corrompem e compram traidores, difamam e provocam intrigas, e o mais importante para eles, testam armamentos e soldados em combates contra nativos de costumes e tecnologia medievais.

Aqueles que visitaram a mansão do diabo, a base aérea dos EUA em Kandahar, escreveram que o lugar é empesteado, fede a merda e urina há quilômetros de distância. Os norte-americanos construíram uma usina de tratamento de esgoto com tecnologia atrasada que produz fedor insuportável em toda a região. Os militares que frequentam a base aérea conseguem suportar porque ingerem muita bebida alcoólica, e drogas. E na falta de prostituição no país, alguns militares levam prostitutas disfarçadas de soldados para lucrar no comércio do sexo.

Esta é a mansão do diabo, erguida, financiada e mantida por norte-americanos no coração do Afeganistão. Este é o exemplo do que os cristãos norte-americanos levam para os países islâmicos.