segunda-feira, 7 de março de 2016
Tempestade, onde está a tempestade?
Crianças palestinas acorrentadas por Israel
Amigo, você que satisfez sua sede
neste regato ouça o meu murmúrio.
Venho da terra que criou Deus,
onde acalentava o solo, o canto
das aves e o perfume das flores.
Um dia, forasteiros exalando
amargura pediram abrigo e refúgio.
Pungidos, os amparamos.
Aos que tinham sede demos de beber,
aos que tinham fome demos de comer.
Não é isso que ensina o Livro Sagrado?
De nossa amizade desdenharam,
de nossa terra nos expulsaram.
Roubaram a infância de nossas
crianças, a vida de nossos jovens
e o repouso de nossos velhos.
Até um muro da vergonha construíram.
Na terra do leite e do mel, semearam sangue e fel.
Amigo que bebes de minha fonte,
diga aos filhos da injustiça para não
esmorecer e nem perder a fé.
Diga-lhes que não foram abandonados.
Pois não sou eu uma gota errante?
Cavalguei nuvens sobre desertos e mares,
cruzei veredas e florestas e hoje neste regato
aguardo as asas da tempestade para que
minhas águas cumpram o seu destino.
Pois como reza a liberdade, toda
tempestade começa com uma gota.
Georges Bourdoukan