terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
Nova intervenção direta do ocidente na Líbia deixa mais de 40 mortos
Dois cidadãos sérvios mortos enquanto Belgrado procurava negociar sua libertação
Por Abayomi Azikiwe - Líbia 360 (excerto)
Em uma operação de bombardeio em 19 de fevereiro em Sabratha, Líbia, tendo com alvo declarado um campo de treinamento do Estado Islâmico, mais de 40 pessoas foram mortas por aviões de combate F-15E do Pentágono. O ataque aéreo visava um agente que tem sido associado a um ataque ao museu Bardo, na vizinha Tunísia, em 2015.
Esse ataque aéreo atingiu a área costeira a 50 milhas a oeste de Tripoli, visando Noureddine Chouchane, de nacionalidade tunisiana. Chouchane foi acusado de organizar a chegada de agentes do Estado islâmico na Líbia.
Chouchane, de 35 anos, foi morto no bombardeio que arrasou a residência com sessenta outros moradores alegadamente afiliados ao EI. O ataque segue ataques aéreos semelhantes, em junho atingindo o argelino Mokhtar Belmokhtar e em novembro destinado a Abu Nabil, também conhecido como Wissam Najm Abd Zayd al-Zubaydi, um cidadão iraquiano que foi o líder das estruturas militares do EI no Iraque.
Desgaste diplomático envolve assassinato de nacionais sérvios
No entanto, os meios de comunicação noticiam que dois cidadãos sérvios detidos pelo EI foram mortos no bombardeio. Tem sido anunciado durante meses que o Pentágono está traçando coordenadas para o bombardeamento da Líbia sob o pretexto de atacar os chamados "extremistas islâmicos".
O EI estabeleceu bases no oeste da Líbia, onde controla a cidade de Sirte, lar do ex-líder líbio Muamar Kadafi, que foi brutalmente assassinado na área em 20 de outubro de 2011. A Líbia foi submetida a uma guerra de mudança de regime projetada pelo Pentágono e pela Agência Central de Inteligência (CIA), que resultou em milhares de mortos e milhões de deslocados, e tornou o que foi outrora o país mais próspero da África em uma enorme fonte de pobreza, subdesenvolvimento, tráfico de seres humanos e instabilidade regional.
A morte dos dois sérvios provocou protestos por parte do governo em Belgrado e das pessoas em toda a Sérvia. Autoridades sérvias vinham negociando o fim do cativeiro dos dois cidadãos, referidos como diplomatas.
De acordo com a Russia Today (RT), rede mundial de notícias em televisão por satélite, "a promessa de segurança da OTAN ao tentar arrastar a Sérvia para dentro da aliança são humilhantes para o país balcânico, num momento em que dois de seus diplomatas, reféns na Líbia, foram mortos em um ataque aéreo de precisão norte-americano... O governo dos EUA sabia que os dois sérvios estavam sendo mantidos como reféns por milicianos do EI na Líbia, pois o governo sérvio compartilhou suas informações com as agências de inteligência dos EUA, antes dos ataques. Essa informação foi fornecida ao FBI e à CIA. Os EUA agora estão a negar conhecimento do paradeiro dos reféns."
Bombardeamento pode ser precursor de invasão terrestre
Este ataque ocorre em meio a crescentes ameaças do diplomata de carreira alemão e enviado das Nações Unidas à Líbia, Martin Kobler, de mobilizar uma força de ocupação militar de 6.000 efetivos que interviria na Líbia para impor o proposto governo de unidade às duas facções rivais que disputam o reconhecimento internacional. O acordo de unidade entre os dois regimes rivais visa pavimentar o caminho para a implantação de tropas estrangeiras com aprovação das milícias de Trípoli e de Tobruk, dirigidas pelo Imperialismo.
A proposta força de paz da ONU seria liderada pela Itália, incluindo tropas da Grã-Bretanha, França e outros países aliados. A Grã-Bretanha já anunciou publicamente que também planeja lançar ataques aéreos dentro da Líbia.
Um artigo de 31 de janeiro publicado no Daily Mail diz que "a Grã-Bretanha está planejando bombardeios aéreos contra militantes do Estado Islâmico que controlam partes da Líbia devastada pela guerra, segundo uma fonte militar."
Em termos mais específicos, o Sunday Times informa: "Uma equipe de seis oficiais da RAF e agentes do MI6 voaram para uma base aérea perto da cidade da Líbia oriental de Tobruk, que está sob o controle de forças da milícia reconhecida internacionalmente. Diplomatas do Foreign and Commonwealth Office e pessoal militar francês e dos EUA também participaram do encontro."
Ausente da consolidação do acordo para unificar os dois campos líbios, o Pentágono declara que continuará a lançar ataques aéreos e ataques de operações especiais contra líderes rebeldes.
A administração Obama foi objeto de críticas por sua guerra contra a Líbia em 2011, que se tornou mais um obstáculo para a Casa Branca facilitar a eleição de um presidente democrata em novembro. Ao longo dos últimos sete anos, a política externa dos EUA continuou sua escalada de intervenções militares e a construção de bases em diversos locais em toda a África.
As tropas dos EUA no Africa Command (AFRICOM) têm milhares de soldados no Djibouti, no Corno da África, estendendo as suas operações da Somália e da Etiópia ao longo da bacia do Oceano Índico e em toda a África Central e Ocidental, até o Golfo da Guiné. O pessoal do Pentágono e da CIA trabalha em estreita cooperação com outros estados imperialistas, procurando dominar todos os governos do Continente através do comércio, manobras diplomáticas, penetração de inteligência e "parcerias" militares.
No entanto, o regime interino na Líbia concebido para unir as facções concorrentes baseadas em Tobruk e em Tripoli denunciou o bombardeio pelo Pentágono, dizendo que a operação foi realizada sem a consulta e reconhecimento de qualquer facção. Há uma falta de unidade e uniformidade de ação entre os dois regimes, levantando dúvidas sobre a viabilidade desse arranjo imposto.
Uma declaração emitida em 19 de fevereiro por essa coligação de forças líbias concorrentes "condena veementemente os ataques aéreos realizadas pela Força Aérea dos EUA em certas posições na cidade de Sabratha na sexta-feira de manhã, 19 de fevereiro de 2016, sem qualquer coordenação ou consulta com o governo interino líbio. Qualquer interferência semelhante à que ocorreu será considerada uma violação aberta e flagrante da soberania do Estado líbio e do direito internacional." (RT.com)