segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
Novas intervenções dos EUA em África
Os Estados Unidos estão planejando novas intervenções militares na África, a pretexto das "crescentes ameaças" de terrorismo no continente.
Por Carlos Lopes Pereira, no Jornal Avante
O Africom, o comando militar norte-americano para África, com sede na Alemanha, elaborou um "plano de campanha" de cinco anos, apontando as prioridades no teatro de operações africano.
A primeira é "neutralizar o grupo terrorista" Al-Shabab, na Somália, e transferir para a missão da União Africana (Amisom) a responsabilidade de o combater. Especialistas norte-americanos treinam, equipam e abastecem as tropas da Amisom, enviadas pelo Quênia, Etiópia e Uganda, cujos governos são amigos firmes de Washington. Deste modo, os EUA garantem uma forte presença militar no Leste de África.
Outra prioridade do Africom é o "Estado falhado da Líbia", visando conter a "instabilidade" no país – que, como bem se sabe, foi provocada pela bárbara agressão da Otan, em 2011.
Uma terceira linha de ação visa conter o Boko Haram na África Ocidental. O bando atua na Nigéria, mas também nos Camarões, no Níger e no Chade. Não por acaso, os EUA têm tropas nos Camarões e uma base de drones no Níger e cooperam com as forças armadas da Nigéria, a primeira economia africana e grande produtor de petróleo.
Em quarto lugar, o Africom vai reforçar o combate contra a pirataria e outras "atividades ilícitas" no Golfo da Guiné e na África Central.
A quinta prioridade do comando militar dos EUA pretende reforçar com os seus parceiros africanos as capacidades locais de manutenção da paz e de assistência em casos de catástrofes.
Os pormenores deste plano quinquenal contra "grupos terroristas" não foram revelados por qualquer revista africana ou jornal progressista europeu, mas pelo próprio Africom, no seu website.
Líbia e Burkina
Os EUA têm a sua grande base militar africana em Camp Lemonnier, no Djibuti, na zona estratégica do Corno de África. Mas o Africom confirma que dispõe no continente de 15 outras "bases não ativas", que são utilizadas só em casos de emergência. Essas bases, como por exemplo a de Dakar, no Senegal – ativada em 2015, durante a epidemia de ébola na África Ocidental –, permitem também intervenções para "proteger vidas e bens" de americanos.